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Miguel Pereira: sua história e seus pontos turísticos

DR 53 _ Serra

A evolução histórica de Miguel Pereira foi ligada a de Vassouras e de Paty do Alferes, e também à expansão da cultura cafeeira no vale fluminense do rio Paraíba do Sul. A ocupação  da área de Miguel Pereira teve origem com as explorações de descendentes europeus, que tinham como ideal transpor a Serra do Mar.

Tais explorações seguiam com a abertura feita por Garcia Rodrigues Paes, do Caminho Novo do Tinguá, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os tropeiros que subiam o rio das Mortes em direção à Sacra Família do Tinguá fixaram ponto de passagem em pequena várzea. Inicialmente, o local ficou conhecido como Barreiros. Depois passou a se chamar Estiva.

Algumas pequenas lavouras surgiram na região durante o século XVII. Elas produziam açúcar e gêneros alimentícios. Em 1770 foi fundada a fazenda da Piedade de Vera Cruz (hoje fazenda Santa Cecília), que se tornaria importante produtora de café da região. As terras do atual município eram, então, subordinadas administrativamente e religiosamente à Freguesia Nossa Senhora da Conceição do Alferes, atualmente Paty do Alferes.

As lavouras de café se expandiram, na época motivadas pela mão de obra escrava. Por conta desta expansão e desenvolvimento, a então Freguesia foi elevada, em 1820, ao posto de Vila Nossa Senhora da Conceição do Alferes. Sendo que em 1837 a sede da Vila foi transferida para a Vila de Vassouras que, em 1857, foi transformada em cidade e sede do município que administrava as terras atuais de Miguel Pereira. Com a construção da Capela de Santo Antonio da Estiva em 1898 é que os colonos começam a erguer suas casas humildes. É formado um núcleo urbano, incentivando assim a chegada de novos moradores.

Com a abolição da escravatura e a perda das plantações de café devido a exploração inadequada da terra, a região sofreu um declínio econômico, mas seu desenvolvimento é impulsionado quando foi construído o ramal auxiliar da Estrada de Ferro Melhoramentos (incorporada à Estrada de Ferro Central do Brasil, em 1903), que, partindo de Japeri, atingia a cidade de Paraíba do Sul.

O eixo ferroviário estimulou o nascimento de povoados que, em sua maioria, abrigavam os trabalhadores da ferrovia. Este é o caso de Governador Portela, onde parte das áreas urbanas era de propriedade da Rede Ferroviária Federal, que construiu toda uma vila residencial destinada a ferroviários. Esta característica foi responsável pelo desenvolvimento da sede distrital que ocorreria antes da Estiva, atual Miguel Pereira.

Foto: Prefeitura de Miguel Pereira

A urbanização das áreas adjacentes teria lugar a partir da década de 1930, quando a qualidade do clima da região foram propagadas pelo professor e médico Miguel Pereira, que, mais tarde, daria  seu nome a cidade. O acesso original pela ferrovia seria substituído em 1950 por uma rodovia, cuja pavimentação posterior representou um grande estimulo ao desenvolvimento urbano e  turístico da área.

Em 1955, os dois primeiros distritos foram desmembrados de Vassouras, a fim de formar o município de Miguel Pereira, que assim conquistou sua emancipação. E, no ano seguinte (1956), o distrito de Conrado também foi anexado a Miguel Pereira.

É uma cidade serrana (670 metros em relação ao nível do mar), localizada no centro sul Fluminense, no Maciço da Serra do Couto, em área de Mata Atlântica, de clima tropical de altitude e distante 115 km do Rio de Janeiro. O turismo é caracterizado como sendo cultural, ecológico e de eventos.

Entre os pontos turísticos de Miguel Pereira se destacam:

— O Caminho do Imperador. Primeira ligação direta entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Atravessa Petrópolis, Paty do Alferes e Miguel Pereira. Caminho que o Imperador utilizava para ir do Rio de Janeiro para Petrópolis. Destaque, além da paisagem exuberante da Mata Atlântica,  a gruta do Quilombo de Manoel Congo, construído por escravos no século XVIII.

— O Caminho dos Bandeirantes. Parte do pequeno trecho permitido (de 50 metros) à visitação situa-se no distrito de Marco da Costa.

— Viaduto Paulo de Frontin. Construído na Bélgica e inaugurado em 1889, é a única ponte metálica em curva do mundo. Está situado sobre o rio Santana , no distrito de Vera Cruz.

— Fazenda de Nossa Senhora da Piedade de Vera Cruz. Hoje chama-se fazenda Santa Cecília.

— Fazenda Igapira.

— Antiga Igreja de Santo Antonio da Estiva.

— Museu Francisco Alves, dedicado ao cantor e antigo morador da cidade.

— Lago de Javari.

— Museu do Trem.

— Gruta dos Escravos.

— Feira Nacional de Artesanato (Fenart), que ocorre todo ano no mês de outubro.

Vitor Chimento, biólogo e jornalista

MTb 38582RJ

vitor.chimento@diariodorio.com.br

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