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Mobilizações chilenas não dão trégua ao governo

Por Sandro Barros

O Chile vive um momento crucial para o país. A forte mobilização social iniciada em 18 de outubro de 2019 – massiva, de grande intensidade e duração – caminha para o plebiscito de 26 de abril.

No plebiscito, os chilenos dirão se querem ou não uma nova Constituição. Também decidirão se desejam uma Assembleia Nacional 100% composta de cidadãos comuns, ou uma mista, integrada por 50% de cidadãos comuns e a outra metade de parlamentares. Depois haveria outra eleição, em outubro, para escolher os legisladores constituintes, que terão entre nove meses e um ano para realizar seu trabalho. Dessa forma, o governo tenta canalizar a explosão popular em uma saída institucional e assegurar a própria permanência de Sebastián Piñera na presidência do país. Atualmente, sua gestão é rejeitada por 80% da população.

Desde o início até agora, a mobilização social tem se mantido ativa. Milhões de trabalhadores e moradores se organizam em assembleias territoriais ou coordenadoras, que dia a dia enfrentam a repressão do governo de Piñera, seja nas praças onde protestam ou em seus bairros. Sequer em fevereiro – mês das férias, do fechamento das escolas, universidades, do Parlamento, da saída massiva de turistas de Santiago a outros destinos, por exemplo – a luta popular deu trégua. Toda sexta-feira, nas principais cidades do país, foram realizadas importantes mobilizações de rua e os enfrentamentos com os Carabineros (corpo de polícia ostensiva chilena) têm sido diários, assim como as violações aos Direitos Humanos.

E a violência policial segue implacável, com números também expressivos: já são 445 pessoas com os olhos feridos – 34 com perda total –, 17 das quais foram atingidas somente no mês de fevereiro, de acordo com dados oficiais do Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH). Também se contabilizam mais de 25 pessoas assassinadas e 2.500 manifestantes presos desde o início dos protestos. O próprio INDH revelou houve aumento dos casos de estupro e tortura pela repressão.

O debate sobre o plebiscito polariza cada vez mais uma sociedade que emergiu há 30 anos de uma sanguinária ditadura militar, que deixou mais de três mil mortos ou desaparecidos entre 1973 e 1990. Mas, independente de qual for o resultado do plebiscito de abril, a ferida aberta em 18 de outubro não será fechada. Trabalhadores, jovens e o povo foram e continuam indo às ruas, sem qualquer imposição ou convocação de uma organização sequer, para combaterem a desigualdade social.

Março será um mês decisivo para ver que rumo tomarão as mobilizações iniciadas em 18 de outubro contra o aumento das passagens na capital Santiago e que foram incorporando novas reivindicações ao longo do caminho. Vejamos o que nos dirá o povo chileno! (com informações de agências de notícias)

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