Pereira enfrentava um câncer no pâncreas e no fígado
O jornalista e ex-diretor da Globo em Portugal Ricardo Pereira morreu, aos 72 anos, na noite deste domingo (10). A família confirmou a morte do jornalista, mas informações sobre velório e o sepultamento não foram divulgadas até o momento.
Há quatro anos, Ricardo Pereira lutava contra um câncer no pâncreas e no fígado. Em setembro, o jornalista se aposentou e participou da cerimônia de transição do cargo de direção da Globo Portugal. Rodrigo Nascimento, portanto, assumiu a função.
Ao longo de mais de 40 anos, Pereira teve uma carreira marcante na emissora de TV. Atuou como repórter de política e já foi correspondente internacional, além de diretor. Em todas as funções, noticiou fatos de grande repercussão para o Brasil e o mundo.
O jornalista começou em 1976 como repórter freelancer. Depois de contratado, passou a integrar as equipes do Jornal Nacional e do Fantástico.
Em 1978, aceitou uma vaga de repórter em Brasília. Ele ficou encarregado de acompanhar e noticiar o processo de abertura política no país, iniciado pelo presidente militar Ernesto Geisel (1907-1996).
Dois anos depois, se tornou correspondente internacional em Londres. No exterior, participou de coberturas importantes, como a do terremoto do sul da Itália, a Guerra das Malvinas e a Guerra Irã-Iraque, quando conseguiu uma entrevista com o ditador iraquiano Saddam Hussein.
Ricardo Pereira também realizou uma transmissão ao vivo, feita por meio de satélite, do casamento da princesa Diana (1961-1997) com o príncipe Charles, além de cobrir a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
Na Itália, quando comandou a direção de jornalismo na Telemontecarlo, empresa associada da Globo, o jornalista virou consultor da Globo Internacional em 2006 e tinha a missão de organizar a distribuição do canal na Europa. Já em 2011, foi nomeado diretor da Globo Portugal, quando a emissora inaugurou a sede em Lisboa, cargo no qual permaneceu até setembro deste ano.
Apesar da aposentadoria, Ricardo Pereira queria seguir registrando grandes histórias. Em vida, ele estava preparando um documentário para o Globoplay sobre um diário de guerra que tinha encontrado em uma viagem em 1983 às Ilhas Malvinas. O território era alvo de disputa entre a Argentina e o Reino Unido.
A guerra entre os países pelo comando das ilhas havia terminado um ano antes, em 1982. Pereira foi o primeiro repórter de TV não britânico com permissão para entrar no local.
Embora estivesse lutando contra dois cânceres, Ricardo Pereira, em meio ao tratamento manteve a perseverança e a disposição para descobrir o que estava por trás do diário. Segundo O Globo, a postura na elaboração do documentário reflete a identidade jornalística característica de Ricardo Pereira, evidenciada ao longo da trajetória profissional dele.