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Morre Lô Borges, compositor que inovou na MPB e músico do grupo Clube da Esquina

Foto: Divulgação/ João Diniz

O cantor, compositor e instrumentista Lô Borges morreu aos 73 anos, vítima de intoxicação por medicamentos, conforme informou a família nesta segunda-feira (3). A perda marca o fim de uma trajetória que ajudou a moldar a música popular brasileira com ousadia, emoção e liberdade criativa.

Símbolo da inovação musical dos anos 1970, Lô Borges foi um dos fundadores do lendário Clube da Esquina, movimento que revolucionou a música brasileira ao unir rock, samba, jazz e MPB em uma sonoridade única. Inspirados pela psicodelia dos Beatles e pelas raízes mineiras, Lô e seus parceiros criaram uma estética que se tornou referência mundial.

O grupo nasceu no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte (MG), onde Lô, Milton Nascimento, Beto Guedes, Toninho Horta e outros artistas se reuniam para compor, ouvir música e trocar ideias. Dessas esquinas nasceu o nome que ficaria eternizado na história: Clube da Esquina.

Em 1972, Lô e Milton lançaram o álbum “Clube da Esquina”, considerado um dos maiores discos da MPB. A obra apresentou clássicos como “O Trem Azul”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e “Trem de Doido”, unindo lirismo, experimentação e crítica social. Dois anos antes, Lô já havia se destacado como um dos compositores de “Para Lennon e McCartney”, música escrita ao lado de Marcio Borges (seu irmão) e Fernando Brant, eternizada na voz de Milton.

Ainda em 1972, Lô lançou seu primeiro disco solo, “Lô Borges”, que ficou conhecido como “o disco do tênis” por causa da capa icônica. O álbum é até hoje considerado um dos trabalhos mais influentes do rock e da MPB brasileira. Após seu lançamento, o artista se afastou temporariamente da música, adotando um estilo de vida mais simples e alternativo, até retornar em 1978, quando participou do “Clube da Esquina 2”.

Em 1979, lançou “A Via Láctea”, seu segundo disco solo, com faixas marcantes como “Vento de Maio” e “Nau Sem Rumo”. A partir daí, consolidou uma carreira sólida e diversa, marcada por parcerias criativas e um estilo inconfundível.

Nas últimas décadas, Lô seguiu reinventando-se. Entre 2019 e 2025, lançou sete álbuns colaborativos, cada um em parceria com um artista diferente, incluindo Nelson Angelo, Makely Ka, Marcio Borges, Patricia Maês, César Maurício, Manuela Costa e Zeca Baleiro. Essas produções reafirmaram sua vitalidade artística e o desejo constante de experimentar.

Mais do que um músico, Lô Borges foi um criador de mundos sonoros. Sua obra mistura simplicidade e profundidade, emoção e ousadia, deixando marcas profundas na música brasileira. Com mais de cinco décadas de carreira, influenciou gerações de artistas — de Flávio Venturini à banda Terno Rei — e manteve viva a chama da invenção musical mineira.

Lô deixa um filho, Luca Arroyo Borges, e um legado que transcende o tempo. Sua música segue ecoando como um trem azul — leve, livre e eterno — e tão luminosa quanto a cor de um girassol, flor que inspirou um de seus maiores sucessos.

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