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Mulheres são maioria das mortes em Petrópolis por causa das chuvas

Já são 183 os mortos confirmados desde o temporal que atingiu Petrópolis (RJ) na última terça-feira (15). Uma semana após a tragédia, 111 mulheres perderam suas vidas, o que representa 60,6% do total das vítimas. As outras 72 pessoas que vieram à óbito são do sexo masculino.

Os dados estão sendo divulgados pela Defesa Civil municipal e pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Ainda conforme os números atualizados, dos 183 mortos, 32 são crianças. O Instituto Médico Legal (IML), vinculado à Polícia Civil, é o responsável pelo processo de identificação das vítimas. Até o momento, 152 corpos foram liberados para sepultamento

O temporal que desabou em Petrópolis foi apontado pelo governo do Rio de Janeiro como a pior chuva na cidade desde 1932. Segundo o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, choveu 258,6 milímetros em apenas 3 horas. Os números já fazem da maior tragédia da história da cidade. Uma outra catástrofe ocorrida devido às chuvas deixou 171 mortos em 1988. Já em 2011, 73 moradores de Petrópolis perderam a vida em meio a temporais que caíram sobre a região serrana, atingindo mais fortemente as cidades de Teresópolis e Nova Friburgo.

As chuvas continuam preocupando. Com um registro de 41 milímetros de precipitação em uma hora, a Defesa Civil municipal acionou as sirenes do bairro Quitandinha nesta tarde. Mais cedo, para informar sobre o risco de chuva moderada a forte, o alarme soou em todos os 18 dispositivos espalhados pela cidade próximos a áreas de risco. Moradores também receberam o alerta por mensagem de celular, e vias importantes voltaram a ser interditadas.

“A orientação é que, em caso de chuva forte, a população busque local seguro em casa de familiares, fora de área de risco ou em um dos pontos de apoio mantidos pela prefeitura”, reitera a Defesa Civil.

A cidade já contabiliza 875 desabrigados, acolhidos em 13 escolas públicas sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social. Ontem (21), o prefeito Rubens Bomtempo anunciou um acordo com o governador do estado, Cláudio Castro, para a garantia de um aluguel social no valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pagos pelo estado e R$ 200 pelo município. O intuito do benefício é permitir que as famílias possam alugar quartos ou casas temporariamente.

As buscas pelas vítimas continuam. Segundo o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, 24 pessoas já foram resgatadas com vida. Para reforçar os trabalhos, mais de 150 militares de 15 estados e do Distrito Federal estão se somando ao contingente de mais de 500 da corporação fluminense.

Há também equipes atuando no resgate de animais, sob a liderança da Coordenadoria Municipal de Bem-Estar Animal (Cobea). O trabalho recebeu o reforço de agentes da prefeitura do Rio de Janeiro, de voluntários e de ativistas de organizações não governamentais. Mais de 300 animais já foram resgatados. Quando feridos, são encaminhados para clínicas veterinárias que estão atendendo voluntariamente. Em seguida, inicia-se a busca por lares temporários.

Diversos serviços da cidade têm contado com o suporte solidário de outros municípios. Niterói (RJ), por exemplo, se somou ao esforço da limpeza urbana. A cidade de Magé (RJ) cedeu máquinas para as intervenções emergenciais. A tendência é que novas colaborações sejam anunciadas.

O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, assinou um termo de cooperação técnica com a diretoria da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que reúne 412 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes. O objetivo do documento é facilitar os trâmites para o empréstimo de equipamentos e para as ajudas técnicas de profissionais variados como engenheiros, geólogos e orçamentistas.

“Para um segundo momento, está prevista a criação de uma comissão dentro da FNP com prefeitos que passaram por catástrofes em suas cidades, para a troca de experiências sobre as medidas adotadas em cada município”, informou a prefeitura de Petrópolis.

Além das tratativas intermunicipais, empresas e pessoas físicas de todo o país se envolveram solidariamente com a tragédia e as doações não param de chegar. Elas são recebidas em uma central na rodovia federal BR-040, no quilômetro 62, no distrito de Itaipava. Doações menores, arrecadadas pelos próprios moradores, também podem ser destinadas a um dos pontos de apoio criados ao longo de toda a cidade.

Segundo informou a Defesa Civil municipal, alguns itens que chegaram em grande volume, como água mineral e roupas usadas, já não são mais necessários. As maiores demandas agora são por itens de higiene e de cuidados pessoais, tais como desodorantes, absorventes, sabonetes, desinfetantes, sacos de lixo, luvas descartáveis, detergentes, esponjas, fraldas geriátricas, toalhas, roupas de cama e travesseiros.

O voluntariado também tem sido um apoio importante. Há, no entanto, uma preocupação para que o trabalho seja realizado em sintonia com os órgãos públicos. Hoje, a prefeitura abriu um cadastro para médicos e enfermeiros que quiserem atuar como voluntários nos pontos de apoio. No formulário, é preciso indicar a profissão e especialidade, disponibilidade de horário e dados pessoais.

Aos poucos, a cidade vai tentando retomar os serviços que foram suspensos. A vacinação contra a covid-19 foi reiniciada. Nesse primeiro momento, sete postos funcionarão das 10h às 14h30 e o cadastramento deve ser feito pelo site da prefeitura. Crianças de 5 a 11 anos de idade podem ser atendidas pelas equipes itinerantes, onde o cadastro não é necessário.

 

 

Agência Brasil

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