O Museu do Amanhã recebe a exposição “Amazônia”, de Sebastião Salgado, idealizada por Lélia Wanick Salgado, que assina a curadoria. A mostra ficará disponível até dia 29 de janeiro, o público poderá conferir 194 fotografias emocionantes e impactantes.
Há a grandiosa, deslumbrante, às vezes esmagadora visão da floresta, dos rios, de nuvens e montanhas. Há a beleza e a força dos povos indígenas no seu cotidiano e nas festas, com artefatos, espaços de convivência, expressões de uma miríade de civilizações integradas ao meio. E há o recorte de árvores, animais, margens, várzeas, clareiras. Na imensidão e no detalhe, no poderoso encadeamento da vida mineral, vegetal e animal, ressoa a frase de Sebastião Salgado: “Não são paisagens. É o bioma”. É o todo.
A mostra Amazônia é o resultado da imersão, por sete anos, de Sebastião e Lélia Wanick Salgado, na região que cobre o Norte do Brasil e se estende a mais oito países sul-americanos, ocupando um terço do continente; e 60% da Amazônia estão no Brasil. A maior floresta tropical do planeta, traduzida pelas lentes e pela cenografia dos Salgado, transforma-se aqui em convite à informação, à reflexão e à ação em defesa do ecossistema imprescindível à vida no planeta.
Nesta segunda-feira (18), o Museu do Amanhã realizou uma coletiva de imprensa com uma mesa formada por empresas, Sebastião Salgado, Lélia Salgado, e o convidado especial Beto Marubo.
O Jornal DR1 entrevistou Sebastião Salgado que contou sobre a mensagem que deseja transmitir ao público.
“Desejo que o público venha aqui e conheça a Amazônia, como também que sintam a Amazônia. Tenho certeza que as pessoas que saírem da exposição não serão mais as mesmas que entraram”, disse Sebastião.
“O aquecimento global me levou a fazer essas fotografias, e me fez tomar a decisão de ir. E hoje com a dissolução do gelo, com o tempo iremos perder a floresta, área litorâneas, comunidades já estão sendo abandonados em locais no litoral. Então, isso me levou ir fotografar a Amazônia, não mostrar a Amazônia destruída, mas sim estamos ela viva. Essas fotos representam 82% do bioma, essas comunidades representação o maior grupo cultural existente”, explicou Sebastição.
“Ao projetar ‘Amazônia’, quis criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, se integrasse com sua exuberante vegetação e com o cotidiano das populações locais”, comenta Lélia.
Na coletiva, Sebastião levou o convidado especial Beto Marubo, membro da Organização Representativa dos Povos Indígenas da Terra do Vale do Javari.
“A ideia da exposição é apresentar a Amazônia de forma viva e com todas as suas belezas. As terras indígenas estão com áreas de degradação gigantes, segundo o relatório as áreas de destruição equivalem o estado do Rio de Janeiro, isso é muito preocupante. As terras indígenas têm suas importâncias, mas para enfrentarmos isso no futuro, temos que voltar com as leis que protegem o meio ambiente” disse Beto.
No espaço da exposição conta com um ambiente sonoro embala a visão das fotografias com a trilha sonora original do francês Jean-Michel Jarre, elaborada a pedido dos Salgado a partir dos sons da floresta.
A exposição apresenta ainda dois espaços com projeções de fotografias. Uma delas mostra paisagens florestais acompanhadas pelo poema sinfônico Erosão – Origem do Rio Amazonas, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959); a outra traz uma sequência de retratos de índios, sonorizada por uma peça de Rodolfo Stroeter especialmente composta.
Estas imagens são o testemunho do que ainda existe e o alerta sobre a terrível possibilidade do desaparecimento da vida e da natureza. Para superar o extermínio e a destruição, a informação, a participação e o engajamento é dever de todos, no planeta inteiro.