Por Sandro Barros
Nélida Piñon nasceu em 1937 no Rio de Janeiro. Filha de Lino Piñón Muíños e Olivia Carmen Cuíñas Piñón, de origem galega, seu nome é um anagrama do nome do avô, Daniel. Formou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, em 1956, e foi editora e membro do conselho editorial de várias revistas no Brasil e do exterior. Também ocupou cargos no conselho consultivo de diversas entidades culturais em sua cidade natal. Estreou na literatura com o romance ‘Guia-mapa de Gabriel Arcanjo’, publicado em 1961, que tem como temas o pecado, o perdão e a relação dos mortais com Deus.
Piñon é acadêmica correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e, em outubro de 2014, entrou para a Real Academia Galega. É professora catedrática da Universidade de Miami desde 1990 e doutor honoris causa das universidades de Santiago de Compostela, Rutgers e Montreal, entre outras.
Quinta ocupante da Cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras, foi eleita em 27 de julho de 1989, na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda. Em 1996-1997 tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia, no ano do seu primeiro centenário.
A sua extensa produção literária – romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias – foi traduzida em diversas línguas e em mais de 30 países e lhe rendeu muitas premiações, tais como: Prêmio Walmap (1969) pela novela ‘Fundador’; Prêmio Mário de Andrade (1972) por ‘A Casa da Paixão’; Prêmio Internacional Juan Rulfo de Literatura LatinoAmericana e do Caribe (México, 1995); Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e Prêmio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance ‘A República dos Sonhos’; Prêmio Iberoamericano de Narrativa Jorge Isaacs (Colômbia, 2001); Prêmio Rosalía de Castro (Espanha, 2002); Prêmio Internacional MenéndezPelayo (Espanha, 2003); Prêmio Jabuti para o melhor romance (Brasil, 2005) por ‘Vozes do Deserto’; e o Prêmio Literário Casa de lasAmericas (Cuba, 2010) por ‘Aprendiz de Homero’.
Em 2005 recebeu o importante Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras pelo conjunto da sua obra, sendo o primeiro escritor de língua portuguesa a consegui-lo. Em 2015 recebeu o Prêmio El Ojo Crítico Iberoamericano, concedido pela Rádio Nacional de Espanha.
Em entrevista concedida em maio de 2019, a escritora afirmou que a sociedade não tem apreço pela cultura em sua forma oficial, como a literatura, e acrescentou que falta formação educacional para compreender a leitura. “Aprendemos tudo pela metade no Brasil. E não aprendemos o que é mais essencial do projeto educacional: pensar”, criticou.
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