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Niède Guidon: Pioneira da arqueologia brasileira morre aos 92 anos

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Pesquisadora desafiou paradigmas sobre o povoamento das Américas e lutou pela preservação da Serra da Capivara

A arqueóloga e pesquisadora Niède Guidon faleceu nesta terça-feira (4), aos 92 anos, em São Raimundo Nonato, no Piauí. Reconhecida internacionalmente, Guidon dedicou mais de cinco décadas à pesquisa arqueológica no Parque Nacional da Serra da Capivara, onde liderou escavações que desafiaram teorias tradicionais sobre o povoamento das Américas.

Nascida em Jaú, São Paulo, em 1933, Niède formou-se em História Natural pela Universidade de São Paulo e doutorou-se em Arqueologia pela Universidade de Paris. Desde os anos 1970, conduziu pesquisas no sudeste do Piauí, identificando milhares de sítios arqueológicos que indicam a presença humana na região há mais de 50 mil anos — muito antes do que se acreditava até então.

Além das descobertas científicas, Guidon foi incansável na defesa e preservação do patrimônio cultural brasileiro. Foi fundadora da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e atuou ativamente na criação e gestão do Parque Nacional da Serra da Capivara, reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Ao longo de sua carreira, recebeu diversas honrarias, incluindo a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e o Prêmio Itaú Cultural 30 Anos. Mesmo após sua aposentadoria em 2020, continuou sendo uma referência na arqueologia e na conservação do patrimônio cultural.

Niède Guidon será enterrada no jardim de sua residência, em São Raimundo Nonato, conforme seu desejo. Sua partida deixa um legado inestimável para a ciência e a cultura brasileira.

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