A pesquisa científica indica a possibilidade de aumento das concentrações até o final do século
A concentração atual de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiu os maiores níveis já registrados dos últimos 14 milhões de anos, segundo um estudo divulgado na quinta-feira (07). Os níveis de concentração do gás carbônico estavam a 420 partes por milhão (ppm), o que representa um aumento de aproximadamente 50% em comparação com as 280 ppm registradas no final do século 18.
Publicado na revista Science, a pesquisa, envolvendo mais de 80 pesquisadores de 16 países, rastreia os níveis de CO2 desde 66 milhões de anos antes de Cristo até a atualidade. O estudo ainda sugere que até o final deste século, o planeta Terra pode atingir uma concentração acima de 600 ppm. As implicações desse aumento teriam efeitos em cascata, influenciando o clima por milhares de anos.
Há aproximadamente 14 a 16 milhões de anos, a atmosfera terrestre continha uma concentração de cerca de 420 ppm do principal gás de efeito estufa, dióxido de carbono (CO2), semelhante à concentração atual. Isso remonta a muito mais tempo do que os cientistas estimaram anteriormente. Por volta de 14 a 16 milhões de anos atrás, a Groenlândia, por exemplo, não apresentava cobertura de gelo.
“Nossa civilização está acostumada ao nível do mar atual, aos trópicos quentes, aos polos frios e às regiões temperadas, que se beneficiam de muitas chuvas”, adverte Baerbel Hoenisch, a principal autora do estudo.
Nos últimos 66 milhões de anos, o período mais quente registrado na Terra ocorreu há cerca de 50 milhões, com uma concentração de CO2 de 1.600 ppm e temperaturas 12°C mais quentes do que as atuais. A concentração desses níveis diminuiu aos poucos até atingir aproximadamente 2,5 milhões de anos atrás, durante o período das glaciações, quando a quantidade de CO2 novamente declinou para valores em torno de 270-280 ppm.
Em seguida, mantiveram-se estáveis até que a humanidade começou a queimar combustíveis fósseis em larga escala. De acordo com o estudo, com o dobro das concentrações do gás carbônico, o planeta esquentaria gradualmente ao longo de centenas de milhares de anos, até alcançar de 5°C a 8°C a mais, devido aos efeitos cascata que um aumento das temperaturas provocaria.
O processo poderia ser acelerado em razão da dificuldade de reflexão dos raios solares, à medida que ocorre o derretimento do gelo polar. A pesquisa científica ainda revelou que, há 56 milhões de anos, a atmosfera passou por um rápido aumento na concentração de CO2, parecido ao observado atualmente, desencadeando alterações significativas nos ecossistemas. Essas mudanças levaram cerca de 150 mil anos para se dissipar.