Médica PhD em endocrinologia pela USP e metabologista aponta quatro hábitos fundamentais para o dia a dia e sintomas que podem indicar disfunções hormonais
Neste Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Dra. Elaine Dias JK, PhD em endocrinologia pela USP e metabologista, reforça a premissa de que “nós somos o que comemos”. E sintetiza o caminho para uma vida mais saudável em um mantra: “descascar mais e abrir menos”.
Segundo a especialista, a escolha por alimentos frescos e naturais se sobrepõe aos industrializados, muitas vezes carregados de gorduras trans e açúcares que levam ao estresse metabólico e doenças como obesidade e diabetes. “Esses alimentos promovem a inflamação e desregulam o hormônio do estresse, gerando uma espiral negativa de compulsão alimentar, entre outros malefícios ao organismo”, explica a Dra. Elaine.
A médica lista quatro pilares fundamentais para incorporar ao cotidiano, que garantem uma alimentação consciente e equilibrada.
- Ambiente Saudável: a chave é eliminar o “ambiente obesogênico”, cercando-se de opções nutritivas tanto em casa como no trabalho. A presença de alimentos saudáveis em momentos de compulsão facilita escolhas melhores.
- Opções ricas em fibras: as fibras proporcionam saciedade, ajudam a regular o açúcar no sangue e são aliadas na prevenção de doenças crônicas.
- Simplicidade e qualidade: um prato de arroz e feijão, ovos, frutas, verduras e legumes promovem uma nutrição completa e são acessíveis. “Descascar mais e abrir menos”, reflete uma escolha por alimentos verdadeiramente nutritivos.
- Água: a hidratação com água, e não outros tipos de bebidas, é fundamental para a saúde.
“Hoje em dia, o consumo de alimentos processados é a norma, seja pela praticidade, pela alta oferta no mercado ou pelo preço, porque muitas vezes eles são mais acessíveis do que os produtos naturais. Sem contar que eles promovem a falsa sensação de saciedade. O retorno ao básico, na verdade, é o caminho mais eficaz para uma vida saudável. Claro que podemos consumir outras opções de vez em quando, mas, é importante ter equilíbrio, sempre priorizando práticas simples que são muito mais benéficas à saúde”, ressalta a Dra. Elaine.
A influência dos hormônios na saúde e no dia a dia
Além da alimentação, a Dra. Elaine explora como os hormônios influenciam o bem-estar geral. Sintomas como cansaço, dificuldade para perder peso e alterações de humor frequentemente indicam disfunções hormonais. Por exemplo, mudanças no TSH, responsável pela regulação da tireoide, podem provocar fadiga e outros distúrbios metabólicos.
Durante as fases da vida, existem disfunções hormonais que correspondem à evolução corporal, como na adolescência, quando há um pico de estrogênio e progesterona e, consequentemente, uma redistribuição de gordura subcutânea, com aumento de glúteos, coxas, braços, provocando os primeiros sinais de celulite e retenção de líquido. Ainda nessa fase, acontece o aumento da testosterona, que traz o excesso de oleosidade na pele e no cabelo, provocando acne, queda capilar e alterações de humor.
“À medida que vamos envelhecendo, temos uma diminuição do metabolismo. Isso começa, geralmente, aos 30 anos de idade e vai reduzindo a cada ano que passa. Essa alteração do metabolismo se acentua após os 40 anos, fase em que começamos a perder 1% de músculo ao ano se não nos cuidarmos”, acrescenta a especialista.
Ela complementa que, no climatério, o pico dos hormônios LH e FSH resulta na perda de massa muscular, diminuindo o metabolismo. Além da redução da progesterona e, principalmente, do estrogênio. Com isso, vem a diminuição da libido, surgem as alterações de humor mais frequentes, como irritabilidade e labilidade emocional, insônia, fogachos -conhecidos como os calores-, pele seca, cabelos finos e as mudanças corporais com a flacidez de pele, redistribuição das gorduras de forma centrípeta, gordura abdominal. “E ainda tem as alterações cognitivas, como esquecimento, dificuldade de foco e raciocínio. É como se houvesse uma nuvem no cérebro”, alerta a Dra. Elaine.
Em um dia estressante, por exemplo, a médica ressalta que pode acontecer o descontrole na produção de leptina, que é um hormônio anorexígeno, associado à diminuição da fome, e aumentar a grelina -hormônio orexígeno-, que estimula a vontade de comer.
“Por isso, é fundamental a consulta com o endocrinologista e o ginecologista a cada doze meses, para realização de exames hormonais como da tireoide, ovários e hipófise. Além de TSH, T4 Livre, estrogênio, progesterona, FSH e LH. Também é necessário um estilo de vida saudável, com atividade física regular, alimentação equilibrada e dormir de 7 a 9 horas por noite”, finaliza a médica PhD em endocrinologia pela USP.