O rápido crescimento no uso de plástico resulta no acúmulo de partículas destes no ar, solo e na água. E assim, aos poucos, eles que há muito já são achados dentro das aves e animais marinhos, aos poucos vão se instalando dentro de nós.
Nos últimos meses escrevi aqui sobre novas descobertas de micro e nanoplástico na placenta humana e como afeta o metabolismo reprodutivo na mulher, abordamos também que eles foram encontrados no cólon, sugerindo que podem ser um dos fatores de desencadeamento do câncer, falamos também da exposição paterna a pequenas partículas de plásticos e a sua capacidade de transmissão não só para a primeira e segunda geração, mas também para a terceira e quarta geração através de mecanismos chamados epigenéticos ou seja, alterações genéticas ocorridas nos genes do pai como disfunção cognitiva, doenças respiratórias, cardiovasculares, autoimunes, neurocomportamentais e reprodutivo também poderão ser passadas até a quarta geração.
Em novo artigo publicado na revista Science of the Total Environment, os autores investigaram a presença de microplásticos no testículo e no sêmen humano. Foram coletadas 30 amostras de pacientes e analisados as características e quantidades.
Em relação aos tipos de polímeros, os pesquisadores descobriram que a maioria dos microplásticos nos testículos é feita de poliestireno (PS – ex. isopor), enquanto o polietileno (PE – encontrado em embalagens de alimentos, bebidas, cosméticos e medicamentos) e o cloreto de polivinila (PVC – alguns exemplos: tubos, fios e cabos) foram os tipos predominantes no sêmen.
O artigo ainda levanta a hipótese de que a deterioração da qualidade do esperma, já que a sua contagem vem diminuindo significativamente nas últimas décadas, pode estar ligada à exposição a microplásticos.
Novos estudos precisam ainda ser realizados para compreender melhor os mecanismos de toxidade da exposição a microplásticos no sistema reprodutor masculino.