As mudanças climáticas são cada vez mais reconhecidas como uma emergência de saúde, com o aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos comprovadamente perturbando os sistemas de saúde e as sociedades. 

Embora a literatura médica descreva o impacto dos desastres relacionados ao clima nos resultados da saúde mental, as implicações do aumento das temperaturas e das ondas de calor mais frequentes na saúde mental não são suficientemente compreendidas.

O desconhecimento sobre as consequências do aumento da temperatura global para a saúde mental permanecem em níveis baixos de conscientização entre os profissionais do sistema de saúde mental e gestores públicos. 

Sabemos que a temperatura pode afetar a saúde mental através de vários mecanismos como alterações fisiológicas (alterações no fluxo sanguíneo ou nos níveis de serotonina), alterações cognitivas (resultantes do sono interrompido em altas temperaturas e os efeitos da temperatura na conectividade funcional do cérebro) ou mudanças sociais (como aumento da agressividade, estresse resultante de resultados econômicos e agrícolas reduzidos e aumento do consumo de álcool).

A temperatura pode afetar diferencialmente a fisiologia de indivíduos com doenças mentais pré-existentes, em parte devido a deficiências na termorregulação causadas por medicamentos psiquiátricos.

A crescente carga de transtornos de saúde mental é um desafio global.

Uma revisão de estudos feitas em 2022 mostrou que os transtornos de saúde mental estão entre as dez principais causas de carga de doenças em todo o mundo.

O número total de anos de vida ajustados por incapacidade devido a transtornos de saúde mental aumentou de 80,8 milhões em 1990 para 125,3 milhões em 2019.

Para construir adequadamente a resiliência climática nos sistemas de saúde mental e pública e para contabilizar os verdadeiros custos e benefícios da mitigação e adaptação climática, precisamos entender o impacto da temperatura ambiente externa na saúde mental.