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Nosso Planeta: IA e robôs vão ampliar desigualdade e exigir nova redistribuição de renda global

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O avanço da inteligência artificial e dos robôs humanoides marca o início de uma nova etapa na história econômica da humanidade — e, com ela, surgem riscos profundos de instabilidade social. Para Ray Dalio, bilionário e fundador da Bridgewater Associates, estamos diante de uma revolução que, ao substituir a cognição humana por sistemas inteligentes, tende a ampliar significativamente a concentração de renda. A previsão é de que apenas entre 1% e 10% da população global se beneficie diretamente dessa transformação, enquanto a maioria verá seus empregos — inclusive os altamente qualificados — ameaçados.

Dalio interpreta esse fenômeno como a quinta grande força histórica de um ciclo de 80 anos, comparável ao fim da era agrícola e às revoluções industriais. Mas, ao contrário das anteriores, a atual não substitui apenas força física, e sim capacidades mentais complexas. Ele argumenta que os governos precisarão criar novas formas de redistribuição de renda para evitar rupturas sociais, principalmente em democracias já fragilizadas, como as dos Estados Unidos e do Reino Unido.

No entanto, o investidor alerta que apenas transferências financeiras não bastam. Em suas palavras, “inutilidade e dinheiro podem não ser uma boa combinação”. O desafio não é apenas econômico, mas existencial: como manter o senso de propósito das pessoas em uma sociedade em que o papel do trabalho humano se torna secundário ou dispensável? O cenário se complica diante da fragmentação política global, que, segundo ele, pode minar a capacidade de resposta coordenada aos dilemas dessa nova era. Para Dalio, o destino das nações será definido não pela tecnologia em si, mas pelo modo como o poder gerado pela inteligência será administrado.

Se o progresso é inevitável, talvez o verdadeiro desafio seja decidir quem será levado por ele — e quem ajudará a conduzi-lo.

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