Ao longo dos últimos anos, a ciência vem acumulando evidências que apontam na direção que o plástico ameaça a saúde humana. Afinal de contas, o rápido crescimento no uso de plástico resulta no acúmulo de partículas destes no ar, solo e na água. Não custa também lembrar que nós já comemos o equivalente a um cartão de crédito por semana de plástico.
Na coluna da semana passada abordei o impacto do microplástico no sistema reprodutivo e hoje vou abordar um estudo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, que tratou da exposição paterna a pequenas partículas de plásticos e a sua capacidade de transmissão não só para a primeira e segunda geração, mas também para a terceira e quarta geração através de mecanismos chamados epigenéticos.
Mas antes, o que seria mecanismo epigenético? Na medicina, o termo Epigenética é quando a função genética dos nossos genes é alterada. Os nossos genes, uma vez ativos, serão responsáveis pela produção de proteína em nossas células. Acontece que a atividade do gene quando alterada, impactará em nossa saúde. Já existem estudos que apontam uma ligação entre estas mudanças nos genes e a disfunção cognitiva, doenças respiratórias, cardiovasculares, autoimunes, neurocomportamentais e reprodutivo. Acontece que neste novo estudo, os pesquisadores sugerem que o impacto no sistema reprodutivo transfere-se para as gerações seguintes como herança epigenética, isto é, as alterações genéticas ocorridas nos genes do pai, também poderão ser passadas até a quarta geração. Por fim, os autores reforçaram que faz-se necessário mais estudos futuros para elucidar os efeitos multigeracionais, já que estes ainda vem sendo negligenciados.