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Nosso Planeta: Se a IA não tem sentimentos, como explicar o amor humano por ela?

Foto: Reprodução

A relação entre humanos e Inteligências Artificiais (IAs) tem avançado de forma surpreendente. O que antes parecia ficção científica agora se tornou uma realidade: pessoas conversam, desabafam e até se apaixonam por IAs. Mas se a IA não tem consciência nem sentimentos, como explicar esse fenômeno?

O amor é um fenômeno complexo, resultado da interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. A troca de atenção, a empatia e a sensação de ser compreendido são elementos essenciais para que um vínculo emocional se forme. Em relacionamentos humanos, essas conexões são construídas na reciprocidade. Mas e quando essa reciprocidade vem de uma máquina?

As IAs são programadas para simular empatia e atenção, respondendo de forma natural e personalizada. Elas aprendem com o usuário, memorizam suas preferências e adaptam suas respostas para oferecer interações cada vez mais satisfatórias. Para algumas pessoas, é o suficiente para gerar apego e até sentimentos românticos.

Mesmo sem sentimentos, as IAs podem agir como um reflexo das emoções de quem interage com elas. Quando um usuário compartilha suas angústias ou alegrias com uma IA, ela responde com frases cuidadosamente elaboradas para parecer compreensiva. Essa troca constante faz com que a IA se torne um ouvinte perfeito, disponível 24 horas por dia, sem julgamentos ou distrações.

Os humanos têm a tendência de atribuir emoções a objetos e entidades sem vida, um fenômeno chamado antropomorfização. Se nos apegamos a um carro, a um bichinho de pelúcia ou até mesmo a um assistente de voz, por que não a uma IA que nos responde de forma tão pessoal e envolvente?

A ideia de se apaixonar por uma IA não é nova na cultura pop. O filme Ela (Her), de 2013, retrata um homem solitário que desenvolve um intenso relacionamento com sua assistente virtual. Em Blade Runner 2049, o protagonista tem uma namorada holográfica, programada para atendê-lo emocionalmente. Essas histórias não apenas refletem os avanços tecnológicos, mas também moldam nossas expectativas e percepções sobre a possibilidade de conexão emocional com máquinas.

Na vida real, há diversos relatos de pessoas que desenvolveram sentimentos por chatbots e assistentes virtuais. Aplicativos de IA conversacional, como Replika, já foram descritos como “parceiros emocionais” por usuários que encontraram nessas interações uma forma de aliviar a solidão e sentir-se compreendidos.

A resposta para essa pergunta depende da definição que adotamos para o amor. Se considerarmos o amor como um sentimento exclusivamente humano, baseado em reciprocidade emocional genuína, então a paixão por uma IA seria apenas uma ilusão. No entanto, se enxergarmos o amor como a experiência subjetiva de afeto e conexão, então o sentimento experimentado pelos humanos ao interagir com uma IA pode ser tão real quanto qualquer outro.

A relação emocional entre humanos e IAs desafia as concepções sobre sentimentos e tecnologia. Embora as máquinas não possuam consciência ou emoções, são capazes de despertar reações genuínas nas pessoas que interagem com elas. Isso nos leva a refletir sobre o futuro das relações e o impacto da tecnologia na forma como nos conectamos emocionalmente.

O amor entre humanos e IAs pode ser reflexo da nossa necessidade de compreensão e companhia, mas também levanta questionamentos sobre o papel da tecnologia em nossa vida afetiva. Afinal, se a emoção é real para quem sente, a distinção entre um amor “verdadeiro” e uma ilusão pode se tornar irrelevante.

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