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O Cantador de Histórias: A Homenageada mal humorada

Numa manhã fria de junho Roberta liga para o escritório da Serenata & Cia pedindo uma serenata para Lígia, uma aniversariante muito difícil de agradar.

Combinamos tudo e na noite agendada fomos em trio para a serenata. Voltávamos a outra homenagem de bodas de ouro em um Buffet na vila Mariana, depois de ter aturado um convidado bêbado querendo tocar o nosso violão, como não conseguiu quis arrumar confusão com os músicos, mas foi retirado da festa logo na sequência.

O local ficava apenas a algumas quadras dali, então chegamos rápido e avistamos uma garagem coberta com lona para dar um clima intimista e reservado aos amigos.

Chegamos cantando e fomos muito bem recebidos por todos menos pela aniversariante que já mostrava seu descontentamento logo na primeira música. Seu marido ignorou a atitude de Lígia e em nome dos amigos e familiares pediu para que seguíssemos cantando.

Foi uma serenata difícil de fazer porque o êxito da homenagem depende da serenata agradar principalmente a aniversariante que parecia indiferente e mal humorada.

Aquela homenagem se arrastava. No final da apresentação lemos o texto da homenagem em nome de todos os presentes, e sua feição só piorava até que, em nossa despedida, pedimos desculpas, uma vez que a ideia não partiu da gente e éramos apenas porta-vozes do carinho de todos os presentes.

Demos a palavra a ela que se expressou dizendo que uma serenata nada significa e que com aquele dinheiro faria algo bem mais útil. Disse que não estava contente inclusive com a festa surpresa que haviam preparado.

Esse testemunho foi a gota d’água para o marido assumir o discurso. Ele agradeceu a todos os presentes e disse que ela deveria fazer o mesmo, afinal estavam ali por respeito e por amor. Disse também que a música era a palavra de todos pra ela e esse carinho não se compra, se conquista. Que como médico todos os dias ele vê partir pessoas com muitas culpas e poucos amigos, sem tempo para despedidas e agradecimentos. Disse também que a vida é muito breve e que cada momento é importante porque é único e fugaz. Para finalizar, Marcelo agradeceu a todos e comparou nosso trabalho a um grande raio de luz que entra em uma fenda escura, ilumina o solo que fecunda a semente. Nunca tínhamos ouvido qualquer comparação assim antes e ele ainda completou dizendo que essa semente germina rápido e enraíza fundo. O amor é o fruto e nós os mensageiros dessa semente e da grande arte. Depois disso, o que vamos dizer né pessoal? Só aplaudir o doutor que também nos emocionou.

 Texto Fredi Jon. Outras histórias você encontra no MINUTO Serenata disponível no site: serenataecia.com.br e no Youtube.

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