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O Cantador de Histórias: A sogra, o rodo e a serenata: confusão matinal no Tatuapé

BRIGA 5

Alexandre estava desesperado. Depois de uma briga daquelas com a esposa, Andreia, ela pegou as malas, o orgulho, e foi se refugiar na casa da mãe. Ele, arrependido até o último fio de cabelo, nos procurou com os olhos marejados e um plano ousado:

— Quero reconquistar a Andreia com uma serenata. É tudo ou nada.

Topamos, claro. Afinal, reconciliações são nosso esporte radical favorito.

O dia amanheceu lindo. Solzinho tímido, passarinhos cantando, clima perfeito para o amor… ou para um escândalo.

Às 7h30 da manhã, estávamos no bairro do Tatuapé. O seresteiro Fredi se posicionou na porta da casa. Alexandre, o Romeu arrependido, se escondeu atrás de um poste em frente ao mercado — o mais discreto possível, embora estivesse de terno e segurando um buquê de flores maior que o ego dele.

Fredi tocou a campainha. A porta se abriu devagar, e surgiu ela: a sogra.

Visual? Bobes no cabelo, avental com estampa de morango, e um olhar que parecia ter atravessado guerras. Era praticamente a Dona Florinda com TPM.

— Que é que foi?! — disse ela, com os braços cruzados e sobrancelha arqueada.

— Bom dia! Vim fazer uma serenata pra Andreia!

— Serenata?! Aqui não é novela mexicana, não, moço. Quem mandou isso?

— É surpresa… — disse Fredi, já suando frio.

— Surpresa, uma ova! — respondeu ela. — Se for aquele traste do Alexandre, pode ir voltando com esse violão!

Nesse instante, Andreia aparece. De pijama, chinelo e cara de quem já tinha discutido com três atendentes de call center naquela manhã.

— FOI O ALEXANDRE?! ENTÃO NÃO TOCA NADA!

E começa o festival de gritos, braços cruzados e acusações dramáticas.

Fredi tentou negociar. Uma música só. Um refrãozinho. Um acorde!

Depois de muito “mas escuta só essa”, “é rapidinho”, “ele te ama, moça”, Andreia e a sogra deram o veredito real oficial:

— UMA música. E depois, vaza!

Fredi mandou ver. Cantou como se fosse final do The Voice. Alexandre, atrás do poste, chorava e se abanava com o buquê. A vizinhança começava a sair nos portões, curiosa.

A música acabou. O silêncio foi quebrado por uma frase cortante:

— Essa música era nossa! — disse Andreia, emocionada… e brava.

— É ELE MESMO! — gritou a sogra, pegando um rolo de massa da cozinha como se fosse um sabre de luz.

Alexandre, sem noção do perigo, atravessou a rua em direção à amada.

— Meu amor, eu te amo!

Erro de cálculo.

Ela já vinha com um rodo na mão. E a sogra com o rolo. E assim, no meio da rua, nasceu o duelo final da reconciliação.

Gritaria, flores voando, vizinha filmando tudo e narrando como se fosse final de Copa do Mundo.

Fredi, já dentro do carro, só olhava pelo retrovisor e pensava:

— Serenata é emoção. Só não sabia que era em 4D.

Moral da história?

O amor é lindo, mas sogra armada com rolo de macarrão… é imbatível.

E Alexandre?

Bom… talvez ele tenha mais sorte na próxima serenata

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