Durante uma das noites mais frias daquele inverno, o silêncio e o isolamento da pandemia pareciam congelar a cidade. Dentro de uma casa simples, a família de Dona Alice se reunia para celebrar seus 78 anos, mesmo que o momento fosse agridoce. Acamada e gravemente enferma, ela sabia que aquele poderia ser seu último aniversário, e a tristeza pairava no ar.
Os filhos, querendo trazer um pouco de alegria, tiveram uma ideia especial. Contrataram uma serenata com Fredi Jon, para realizar uma serenata. Mas, ao invés de cantar do lado de fora, onde o frio era implacável, eles arranjaram uma maneira diferente.
Fredi Jon chegou discretamente, entrou pela garagem e subiu pelas escadas até o quarto onde Dona Alice estava. Quando tudo estava pronto, um dos netos abriu a janela, permitindo que o ar fresco da noite entrasse, junto com a melodia suave que Fredi começou a tocar.
A primeira música preencheu o quarto, e os olhos de Dona Alice, que até então estavam fechados, se abriram lentamente. Ela olhou ao redor e viu sua família reunida, sentindo o calor do amor que a cercava.
Os filhos e netos seguraram as mãos de Dona Alice, cada um sentindo a profundidade daquele momento. A música flutuava no ar, transformando o ambiente em algo mágico. Fredi Jon continuou a tocar, cada canção mais tocante que a anterior, enchendo a sala de uma luz suave e de uma serenidade que parecia transcender o mundo lá fora.
Quando a última música terminou, Fredi Jon olhou para Dona Alice, que, com um sorriso fraco, mas cheio de gratidão, apertou as mãos de seus filhos e disse em voz baixa: “Obrigada… por me darem o melhor presente de todos”.
Naquela noite, o frio do lado de fora foi esquecido. Dentro daquela casa, o amor e a música criaram um momento inesquecível, uma despedida silenciosa, mas cheia de paz. Fredi Jon saiu pela mesma garagem por onde entrou, sabendo que sua música havia cumprido sua missão: trazer conforto e uma última lembrança de felicidade para Dona Alice e sua família.