Jornal DR1

O Racismo Estrutural no Brasil

 

Uma mulher vivendo em condições análogas à escravidão, durante 38 anos. Duas meninas assassinadas a tiros de fuzil enquanto brincavam na calçada. Um homem morto pela PM a caminho do trabalho. Três crianças desaparecidas quando jogavam bola. O que todos eles têm em comum? A cor da pele!

Todos estes casos nos informam sobre uma realidade que está longe de ter fim no Brasil e que se desvela cotidianamente nos mais variados campos sociais: o racismo estrutural.

No país com a maior população negra fora da África, onde 56, 10% de sua população se declaram negra (preto ou pardo), o racismo se faz presente na sociedade nas suas mais diversas faces.

Em se tratando da população carcerária, as políticas de encarceramento se voltam, via de regra, contra a população negra. Segundo levantamento realizado pelo DEPEN, entre os presos que ocupam as penitenciarias no Brasil, 65 %  são pretos e pardos.

Quanto à violência, 75% das vítimas de homicídio no Brasil são negras. Estudos do Ipea mostram que a taxa de homicídios de pessoas negras cresceu 33% em uma década. Os negros são também as maiores vítimas de violência policial, somando  75,4%.

No mercado de trabalho, negros enfrentam mais dificuldade de encontrar um emprego do que brancos, mesmo possuindo a mesma qualificação. Quando trabalham, recebem até 31% menos.

E, assim, assumindo ares de “normalidade”, o racismo se faz presente nas relações sociais, políticas, jurídicas e econômicas, fazendo com que a desigualdade racial seja perpetrada.  O que se vê é o racismo como fundamento estruturador das relações sociais.

Após vivenciar três séculos de escravização, a população negra ainda vive sob o jugo dos “capitães do mato” e “senhores do engenho”. Quando o racismo é negado, quando a discriminação é institucionalizada, quando há o massacre da juventude negra, o encarceramento e a demonização dos corpos negros, a intolerância à cultura e religiosidade negras, percebe-se como a lógica colonialista ainda serve como fundamento de dominação.

Carolina Rodrigues Ribeiro

Graduada em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e pós-graduada em Ciência Política pela Universidade Candido Mendes

 

 

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