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O Rio de Janeiro precisa de uma saída socialista

 

Por: Claudia Mastrange

Professor universitário e bancário aposentado, Cyro Garcia milita no movimento sindical desde a década de 70. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da CUT e foi presidente do Sindicato dos Bancários entre 1988 e 1991. Atualmente é o presidente do diretório estadual do PSTU. Ele exerceu mandato de deputado federal durante dez meses, como suplente de Jamil Haddad, em 1993. Agora, Cyro é candidato a prefeito do Rio, em um momento em que a cidade luta contra inúmeras mazelas, casos de corrupção, má gestão e  o descaso com a população por parte do poder público. Conheça as propostas do candidato, que participou de uma live esclarecedora no Instagram do Diário do Rio.

Diário do Rio: Por que se candidatar a prefeito do Rio?

Cyro Garcia: Nosso objetivo é apresentar uma alternativa socialista para as eleições do Rio de Janeiro. Dos candidatos que aí estão, só existem duas propostas.Um grupo é alinhado à direita, em vários níveis, onde os partidos trabalham com a gestão do capital e, com a representação máxima do presidente Bolsonaro. E isso tem os efeitos que temos visto: destruição do meio ambiente, agressões a muheres, negros,….  O outro grupo está alinhado  mais à esquerda,.mas com um discurso conciliador, mas sem propostas concretas de resolução dos problemas da cidade. Nossa proposta é de ruptura com o sistema capitalista, de dar voz aos trabalhadores e moradores da cidade , com uma proposta socialista e revolucionária.

E como isso vai funcionar na prática?

Cyro Garcia: Queremos fazer com que os ricos paguem pela crise. Para  botar ordem na casa e aumentar a arrecadação, vamos trabalhar com em um tripé. O primeiro ponto é a suspender o pagamento da dívida pública, que só serve para repassar dinheiro para os bancos.  Precisamos usar esse dinheiro em obras sociais e nas inúmeras demandas que a cidade e a população tem. A segunda medida é acabar com a farra das isenções fiscais para grandes empresários. Isenção de ISS a grandes empresas, templos… retira dos cofres públicos R$ 10 bihões! Não faz o menor sentido abrir  mão de valores que podem ser direcionados para os bens públicos. E o terceiro ponto  e estabelecer um IPTU com taxas progressivas em termos de valores. Assim, vamos cobrar mais  de quem mora em bairros nobres e isentar os bairros com população de baixa renda.

Diário do Rio: Se eleito, qual sua primeira ação?

Cyro Garcia: Vamos criar conselhos populares formados por locais e trabalho, locais de moradia e locais de estudo Eles, os cidadãos, trabalhadores, usuários do serviço público é que estabelecerão as diretrizes a serem implementadas pela Prefeitura para garantir saúde e educação públicas, gratuitas e de qualidade, bem como os demais serviços essenciais necessários aos moradores o Rio. Eles serão o ponto de apoio de toda a gestão municipal e vão direcionar os recursos, que serão ampliadas com as medidas citadas, como a suspensão da dívida pública. Quero também a estatização dos transportes públicos. Será o fim da máfia dos transportes.

Diário do Rio – Qual sua proposta para a questão da Saúde?

Defendo a estatização de todos os equipamentos de saúde e de todos os hospitais privados, colocando todo a serviço do SUS. Saúde não é mercadoria.  Ainda mais em meio a uma pandemia, todos os leitos precisam estar à disposição de quem necessitar d atendimento. Como podemos ver pessoas morrendo em cadeiras, porque não há leitos nos hospitais públicos, enquanto há vagas ociosas nas UTIs particulares. Mas há inúmeros problemas, bem além da pandemia. É preciso dar condições dignas de saúde ao trabalhadores, possam eles pagar ou não pelo atendimento.

Diario do Rio – Uma boa gestão já resolveria muitos problemas…

Cyro Garcia – Com certeza. Quero acabar com os contratos com as OSs (Organizações sociais), que nada mais é que transferência de dinheiro púbico para os bolsos da iniciativa privada.  E uma porta de entrada para a corrupção. Precisamos direcionar a verba para reequipar hospitais e clínicas da Família, além de contratar mais  funcionários.

Diário do Rio – Contratação gera mais empregos. E o desemprego é um grande problema do Rio e do país, com mais de 13 milhões de desempregados. Como vai enfrentar essa questão?

Cyro Garcia – Uma alternativa é redução da jornada de trabalho, sem que haja perda salarial, e a realização de concursos públicos para contratação, suprindo as vagas que surgirão com a redução da jornada. É preciso também um grande estudo para verificar que obras são realmente necessárias para  atender as demandas da população. E isso vai de saneamento básico à construção de novos hospitais.

Diário do Rio- Algum projeto específico para a população de rua e o problema das drogas?

Cyro Garcia – Em relação à população de rua, acolhimento é fundamental. Quanto às droras, legalizar e descriminalizar é o caminho para pôr fim ao tráfico e à criminalização da juventude pobre. Temos que tratar o consumo de drogas como uma questão de saúde pública!

Diário do Rio – Qual a sua proposta para a Educação?

Cyro Garcia – A busca de soluções segue essa mesma linha: estudar as necessidades desse setor que é a base de tudo. Sou professor, mas todos sabem que tudo começa com uma boa educação. È ali que você forma o cidadão. Além disso, muitas crianças têm ali na escola sua única refeição. Então e preciso dar uma estrutura digna, tanto para os alunos, como uma merenda de qualidade, com alto valor nutricional, como para os profissionais que ali estão. Professores, merendeiras…

DIário do Rio: Nesse foco, como vê o plano de Carreira dos Funcionários da Educação?

É fundamental, pois o profissional da educação precisa ser valorizado.  É preciso aumentar os  salários de professores, e contratar os profissionais terceirizados que já trabalham na rede. Basta regularizar. Tudo e questão de gestão, até para reformar as escolas da rede pública municipal. E vamos estatizar as escolas privadas que estão alegando dificuldades de funcionamento em meio à pandemia. Verbas públicas da educação não podem ser usadas em projetos de parceria com a iniciativa privada, são verbas públicas para uma educação 100% pública sob controle dos trabalhadores, dos profissionais da educação e das crianças e seus pais, que frequentam as escolas.

Diário do Rio – Falando em Educação, o que acha da volta  às aulas, sendo que ainda estamos em uma pandemia?

Cyro Garcia – Sou contra, enquanto não houver vacina. Não deveria acontecer porque  todos se colocam em risco. Mas a verdade é que a quarentena nunca aconteceu para valer, até porque, no  início, o Bolsonaro (Jair Bolsonaro, presidente da República)  ressaltava que era só “gripezinha”. Então os  governos estaduais e municipais implementaram uma quarentena  meia boca. Exemplo disso é que os serviços industriais nunca paralisaram, gerando aglomeração nos transportes públicos e facilitando a circulação do vírus. Só o estritamente necessário deveria funcionar. O isolamento deveria continuar, mas com garantias de que as pessoas não perdessem seus empregos. O auxílio emergencial deveria ser mantido até o fim da pandemia e complementado pela prefeitura até atingir o piso (R$1208,00), para que as pessoas possam ficar em casa em condições dignas,

Qual o maior problema do município?

Um deles é corrupção. E o combate passa  pela interação constante  do governo municipal com os conselhos populares, que serão formados nos bairros, nas fábricas, locais de trabalho, de estudo. O conselho é que vai dar sustentação à gestão pública. Não dá mais para confiar numa democracia em que o poder do empresário elege representantes na Câmara Municipal. Não confiamos mais mecanismos institucionais normais, porque esses mecanismos têm levado a essa série de decepções e corrupção, a começar pelo poder legislativo. E os conselhos serão o contraponto a isso, porque vão estabelecer as prioridades do povo, do usuário dos serviços públicos. Eles vão planejar, direcionar o orçamento e fiscalizar  e execução das propostas de uso desse orçamento. Esse é o caminho.

Foto:Divulgação

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