A chegada do café no Brasil data de 1727, quando o bandeirante Francisco Palheta, a serviço da Coroa Portuguesa, trouxe, clandestinamente, da Guiana Francesa, as primeiras mudas. A produção de grãos foi expandida com a ajuda do desembargador João Alberto de Castelo Branco que, em 1774, teve a incumbência de trazer as primeiras mudas para a Região Sudeste e dar início, assim, a um novo ciclo.
As produções da planta começaram com modestas lavouras que logo foram expandidas a medida que o consumo do chamado “ouro negro” aumentava, na Europa. As plantações do café na região do Vale do Paraíba do Sul Fluminense ganharam maior representatividade devido a escassez do ouro e a necessidade de se encontrar, na época, alternativas para superar os problemas econômicos e que contribuíssem para a manutenção da aristocracia. A sociedade cafeeira projetou o Brasil no cenário mundial como o maior produtor de café do mundo, promovendo, neste período, um grande desenvolvimento da economia e industrialização do país.
O Vale viveu seu apogeu entre 1830 e 1875, produzindo 70% de todo café brasileiro que correspondia 50% de toda a exportação anual do Império. Essa extraordinária riqueza gera enorme poder para os seus fazendeiros, os verdadeiros Barões do Café, que financiaram, entre outras coisas, a Guerra do Paraguai (outubro de 1864 a março de 1870). A região mantinha uma vida de luxo sem igual, permitindo , em seus palacetes rurais, uma vida com hábitos de requinte e elegância que eram estimulados pela facilidade de acesso à Corte Imperial, graças a linha férrea D. Pedro II que escoava o café e trazia, vindos da Europa, as roupas, os cristais (Saint Louis ou Bacarat), as porcelanas (de Sèvres, Limóges ou Vista Alegre) e a prataria portuguesa e francesa que ornavam a casa desses afortunados barões acostumados aos saraus, as visitas do Imperador, da princesa Isabel e do Conde d’Eu que eram recebidos sem grandes embaraços.
O Vale do Café é cercado de histórias e um convite aos visitantes para conhecerem a mais rica região do século XIX. O café gerou um crescimento extraordinário para o Império Brasileiro e a região foi a geografia ideal. O Vale engloba 15 municípios: Vassouras, Valença, Rio das Flores, Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Paty do Alferes, Miguel Pereira, Mendes, Barra do Piraí, Pinheiral, Barra Mansa, Volta Redonda, Paraíba do Sul e Resende.
As antigas fazendas do Vale do Café foram cenários de momentos importantes do país, sedes dos principais centros produtivos da economia brasileira do século XIX e residências aristocráticas mais sofisticadas do período, reunindo o que havia de mais requintado. Esses palacetes rurais eram decorados e mobiliados com o luxo que a Europa tina para vender. Preservadas em sua arquitetura, em diferentes estados de conservação e rodeadas de belas paisagens. Essas fazendas históricas são um marco áureo do Ciclo do Café, que permitem vislumbrar como funcionava o processo de beneficiamento do grão de café e em algumas delas os visitantes são recebidos por pessoas trajadas com trajes típicos da época.
Atualmente, totalizam em torno de 200 fazendas, das quais, apenas, 30 delas são abertas à visitação. Uma excelente opção para contemplar ou iniciar uma aprendizagem sobre Ciclo Cafeeiro do Brasil e para se fazer uma viagem ao passado até o tempo em que os barões ostentavam poder e riqueza. Cada uma possui uma história singular com acontecimentos marcantes e curiosidades da época.
A preservação deste patrimônio é importante para a memória coletiva das cidades e do país. São testemunhos valiosos e silenciosos de um passado não tão distante que servem para transmitir às gerações futuras os episódios históricos que neles tiveram lugar.