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Oficina Muda: quando a sustentabilidade une moda e renda no Rio

Foto_ Divulgação _ @oficinamuda

No cenário do Rio de Janeiro multiplano — em que moda, meio ambiente e justiça social interseccionam — a Oficina Muda se destaca por um propósito que vai além do vestuário: ressignificar resíduos têxteis, gerar renda para mulheres e ainda preservar o planeta. Em 2023, o projeto Retalhos da Oficina Muda foi premiado no Prêmio Faz Diferença, categoria Desenvolvimento do Rio, organizado por O Globo e Google  .

Da invenção ao impacto

Nascida como uma multimarcas voltada ao upcycling — processo de dar nova vida a peças descartadas por não atenderem aos padrões das marcas — a Oficina Muda rapidamente ampliou sua atuação: além de reformar e transformar roupas, passou a destinar sobras de tecido para artesãos e artesãs do Rio de Janeiro. O Projeto Retalhos já envolveu parcerias com grandes grupos ligados à moda, como a Soma (com marcas como Farm e Animale), somando mais de 720 mil peças ressignificadas no espaço produtivo  .

Mulheres empoderadas, tecidos transformados

O Retalhos mobilizou artesãos em 15 municípios do estado, incluindo comunidades da capital e cidades como Duque de Caxias, São Gonçalo, Nova Friburgo e Macaé  . Com 70 grupos produtivos, cerca de 300 artesãs recebem mensalmente toneladas de retalhos para confeccionar brindes, acessórios e itens de decoração vendidos diretamente ou como produtos corporativos.

O impacto é impressionante: até agora, 50 toneladas de retalhos já foram transformadas em cerca de 300 mil peças — o que gerou um incremento de aproximadamente R$ 6,3 milhões em renda. Só em 2023, foram mais de 157.347 produtos e R$ 2,7 milhões pagos a estas artesãs  .

Sustentabilidade que faz bem

A iniciativa impacta o planeta e as pessoas. Ao ressignificar resíduos têxteis, evita-se o descarte em aterros e diminui-se a pressão sobre a indústria da moda. Ao mesmo tempo, as mulheres envolvidas podem ampliar sua autonomia financeira e fortalecer suas comunidades — muitas são sustento familiar.

Larissa Greven, fundadora e diretora criativa da Oficina Muda, descreve a parceria com a Rede Asta – responsável por conectar o projeto às artesãs – como essencial: “buscamos soluções criativas com impacto social e ambiental positivos”  . Aplaudindo a conquista, ela destacou que o prêmio Faz Diferença confirma a importância da continuidade da iniciativa.

Reconhecimento que gera inspiração

Ser premiado no Faz Diferença não é apenas uma conquista simbólica. É, antes, um impulso para ampliação e fortalecimento de um modelo replicável. O prêmio ressalta iniciativas que “fazem a diferença” no estado do Rio — e o Retalhos demonstrou com dados precisos: peças ressignificadas, renda distribuída, práticas sustentáveis e territorialização social.

Além do upcycling — impactos integrados

A importância da Oficina Muda reside não só nos números, mas também na forma de agir: enquanto a indústria têxtil mira lucro e escala, o projeto se volta para a equidade. O trabalho com artesãs traduz-se em geração de oportunidades onde era escasso. Assim, o Rio ganha mais do que roupas: ganha protagonismo feminino, protagonismo comunitário e protagonismo sustentável.

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