Com o desaparecimento (6/06) e morte do indigenista Bruno Araújo e do repórter britânico Dom Phillips na região de Atalaia do norte, Amazonas, a pauta mal resolvida das questões indígenas no Brasil voltou a ocupar o foco da mídia. Amarildo da Costa Oliveira, pescador local, supostamente envolvido com a pesca predatória em área indígena e com lavagem de dinheiro dos tráficos peruano e colombiano, teria recebido ordens para o assassinato de Bruno. Dentre as várias ações criminosas perpetradas na região, como a exploração ilegal de madeira e garimpo, culminando com assassinato, chama atenção a negligência das autoridades com uma área considerada a segunda maior terra indígena do país.
De acordo com a Constituição Federativa do Brasil de 1988, (capítulo VIII), cabe `a União a demarcação e proteção de terras indígenas. A demarcação teria um prazo de 5 anos para sua finalização, o que nunca ocorreu. Como resultado disso, os povos fora da Amazônia Legal ficaram vulneráveis e à mercê da exploração criminosa, sendo então lesados não somente em suas terras, na sua posse efetiva e no aproveitamento de seus recursos naturais, mas também nos direitos de proteção de seus bens e de sua segurança. Tal descaso com o direito indígena insere sua população dentro de um quadro de desigualdade e de discriminação racial, o qual ainda se mostra vigente dentro de nossa cultura. E, muito embora tenhamos leis de proteção aos índios, não fazemos plena execução delas.
Infelizmente, a discussão em prol da questão indígena veio com um alto custo com a morte violenta de dois de seus defensores. Quanto tempo ainda precisaremos para aprender a respeitar seus direitos? Quanto tempo ainda para reconhecer sua cidadania? Quanto tempo ainda para sentirmos orgulho de nossos indígenas?