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Opinião: 1º de Maio! O retrato do fracasso do movimento sindical

Os nascidos nos anos 50, 60 e 70, tiveram o privilégio de participar de comemorações do 1º de maio, com milhares de trabalhadores em manifestações nas capitais do país, reivindicando melhores salários e condições de vida, tornando a comemoração uma extensão das lutas. Reuniam-se metalúrgicos, bancários, comerciários, eletricistas, rodoviários, entre outras categorias.

O movimento sindical atuou fortemente em diversas reivindicações e lutas sociais, tais como a campanha das ‘Diretas Já!’ Pelo fim da ditadura militar, pela Anistia, pela Constituinte de 1988, “Fora Collor”, e tantas outras.

Importante frisar que nessas lutas, a mobilização e a participação dos trabalhadores organizados pelos sindicatos foram fundamentais.

A partir da segunda metade dos anos 90, deu-se o início da decadência do movimento sindical, que por incrível que pareça, culminou com seu declínio a partir da eleição do presidente Lula em 2002.

O mais interessante era que todas as lideranças sindicais acreditavam que com um governo dito de esquerda e dos trabalhadores, os avanços nas reivindicações iriam se concretizar, afinal, elegemos um sindicalista que parecia ser comprometido com a luta dos trabalhadores. O que aconteceu foi a retração do movimento, ficando desacreditado, perdendo poder de mobilização.

O reflexo pode ser notado nos últimos 10, 15 anos, com um número de trabalhadores reduzido, obrigando as centrais sindicais a promoverem shows e distribuição de prêmios para atrair trabalhadores para os eventos cada vez mais esvaziados.

O retrato do 1º de Maio de 2024, traduz o fim do movimento sindical no Brasil. Os números comprovam: em Brasília, a CUT promoveu o evento com cerca de mil pessoas, provavelmente a maioria de dirigentes sindicais. Em São Paulo, com shows e a presença do presidente Lula, não superou 1500 pessoas, no estádio do Corinthians. No Rio de Janeiro o evento, segundo a prefeitura, contou com 10 mil pessoas que participaram de diversas atividades sociais culminando em shows. Nos demais estados não se tem notícias precisas dos eventos do dia do trabalhador, nem do número de trabalhadores participantes, à exceção dos citados acima. O que significa o isolamento e descrédito no movimento, cujas lideranças estão cuidando mais de interesses pessoais, principalmente sua perpetuação no poder, garantindo sua estabilidade, transformando em profissão a figura do dirigente sindical, ou seja, verdadeiros “pelegos” de carteirinha, enquanto trabalhadores perdem direitos e empregos.

Outrora, os dias de comemorações de 1º de Maio contavam com presença massiva de trabalhadores o que de certa forma obrigava a imprensa a cobrir e divulgar os eventos e manifestações em todo o país.

O pornô show da Madonna e a tragédia no sul do País.

Há muitos anos estamos órfãos de verdadeiros governantes, que de fato governam para o povo. Enquanto rolava o pornô show da Madonna em Copacabana, patrocinado pela prefeitura e governo do Estado, e por um grande banco, que despejou milhões no evento, com cobertura de uma grande emissora, uma catástrofe sem precedentes atingia o Rio Grande do Sul, matando mais de 70, com cerca de 100 desaparecidos e 150 feridos, centenas de animais mortos (dados de 06/05). A Defesa Civil registrou mais de 107 mil pessoas fora de casa, 16,6 mil em abrigos.

Nossos governantes deram uma demonstração de descaso e amadorismo no enfrentamento da calamidade iniciada no fim de abril. A ajuda do foi tardia e amadora. Parece que assim como a imprensa, estavam mais voltados para as areias de Copacabana.

Aliás, a instituição financeira que bancou o show, espalhou elogios e agradecimentos à artista, em anúncios eletrônicos pela cidade e até agora não se manifestou sobre a tragédia no Sul.

O mesmo vale para o STF, que publicou nas redes sociais: “Venha para o lado Supremo da força”, homenageando o Dia de Star Wars.

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