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Opinião: O Julgamento-Teatro do STF: quando a toga esconde o autoritarismo

Fachada do STF. (Foto: José Cruz/ABr)

Em um espetáculo que mais se parece um circo, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) protagonizou mais um ato de seu julgamento teatral, onde a vingança se traja de toga e a parcialidade dita às regras do jogo.

Aos que têm a coragem de enxergar, as semelhanças com os tribunais de exceção da ditadura militar são gritantes. Não se trata de equiparar os contextos históricos, mas de alertar para a reciclagem de métodos: a criminalização do dissentimento, o tratamento do opositor político como inimigo do Estado, e o uso do sistema de justiça como instrumento de punição e intimidação. O que vemos não é a aplicação da lei, mas a sua torção para satisfazer uma narrativa de poder.

Com as câmeras voltadas para o STF no julgamento dos que eles apontam como mentores de um golpe que não tinha apoio das Forças Armadas nem de nenhum outro setor “estratégico”, os baderneiros inocentes do 8 de janeiro ainda sofrem.

O Congresso Nacional, acovardado, assiste a tudo de camarote, em uma demonstração de covardia que envergonha a própria democracia que juram defender. A omissão dos congressistas em não pautar o impeachment de Alexandre de Moraes é um acinte à separação de poderes. O ministro, em sua cruzada pessoal, tornou-se um juiz inquiridor, acusador e carrasco, violando repetidamente garantias fundamentais e o devido processo legal. O silêncio do Congresso não é neutralidade; é cumplicidade.

Da mesma forma, a enrolação e a procrastinação em torno da anistia aos manifestantes do 8 de janeiro são um atestado de que o Parlamento brasileiro perdeu sua voz e sua coragem. A anistia é um instrumento clássico de pacificação nacional, usado para cicatrizar feridas e superar momentos de exceção. Negar-se a discutir isso é perpetuar uma punição desmedida e seletiva, transformando centenas de cidadãos em reféns políticos de um jogo de poder que não quer ver a nação curada, mas permanentemente dividida.

É urgente defender que os eventos de 8 de janeiro foram, em sua essência, um protesto político – um protesto desorganizado, talvez até ingênuo em seus métodos, mas um grito de insatisfação legítimo de milhões de brasileiros que se sentem excluídos, oprimidos e silenciados pelo atual establishment. Criminalizar esse grito é calar a voz da própria democracia.

O verdadeiro circo não está nas ruas; está instalado nos plenários de poder. O STF, como mestre de cerimônias, e o Congresso, como plateia silenciosa e temerosa, conduzem um espetáculo triste onde a liberdade é a principal atração a ser sacrificada. O Brasil precisa acordar para esse reality show autoritário antes que o picadeiro se feche para todos nós.

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