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Os vira-latas têm saúde de ferro? 

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Conheça algumas das ameaças que podem afetar a saúde dos cães SRD

Estima-se que 32% dos cães que possuem um lar no Brasil sejam SRD (sem raça definida) ou, na linguagem popular, os famosos “vira-latas”. E muitas pessoas acreditam que os “caramelos”, “fiapos de manga” ou tantas outras variedades dos nossos “vira-latinhas” sejam mais “fortes” e tenham uma saúde de ferro, que dispense idas ao médico-veterinário ou cuidados específicos. Mas a verdade não é bem assim…

A carga genética, composta por uma mistura de genes que difere dos cães de raça pura, pode proporcionar resistência a algumas doenças hereditárias, segundo alguns especialistas. Porém, a exposição do seu sistema imunológico a diversas intempéries quando o animal vive nas ruas e suas consecutivas respostas é o que torna os SRD mais resistentes. Caso o animal não passe por tantas experiências assim, seu sistema imunológico será semelhante ao de qualquer outro que viva com uma família em casa, seja SRD ou não.

Segundo Mariana Cappellanes Flocke, médica-veterinária e consultora técnica sênior da Elanco Saúde Animal, empresa referência em soluções para a saúde e o bem-estar de animais de estimação e de produção, muitas pessoas adotam um SRD pensando nessa alta imunidade, mas esse pensamento deve mudar. “O pet requer os mesmos cuidados que os cães de raça pura. Inclusive muitos SRD têm baixa imunidade ou mesmo problemas crônicos de pele. Nossa recomendação, assim que adotar, é também escolher um médico-veterinário de confiança que acompanhe o cãozinho por toda a sua vida, fazendo as recomendações necessárias para cada etapa de vida e com os cuidados necessários para aquele pet”, afirma.

Os tutores devem estar atentos a problemas de pele, alergias e infestações parasitárias que podem ser bem comuns nos SRDs em virtude das condições nas quais vivia o animal antes da adoção. E caso o animal tenha sido adotado ainda bem filhote, ainda assim é preciso ter um protocolo de cuidados antiparasitários, uma vez que o pet será levado para passear, entrará em contato com outros cães, entre outras situações. Além disso, os próprios responsáveis podem levar parasitas para casa, por meio dos sapatos, por exemplo. “Os antiparasitários devem ser administrados com regularidade e os tutores devem seguir as orientações do médico-veterinário que acompanha o animal”.

Vale destacar ainda que pulgas, além de provocarem coceira, podem desencadear dermatites – sim, seu vira-lata pode desenvolver dermatite alérgica à picada de pulgas (DAPP), como qualquer outro cãozinho ou ainda dermatite atópica que é a reação exagerada do sistema imunológico a alérgenos ambientais como pólen, ácaros, mofo e poeira.

Reconhecida como a segunda alergia mais comum em cães, a dermatite atópica canina (DAC) afeta aproximadamente de 10% a 15% da população canina2, causando coceira, inflamação e desconforto, impactando também seus tutores. “É cada vez mais comum vermos nos hospitais e clínicas veterinárias tutores preocupados com dermatites em seus cães SRD”, diz Mariana.

Outra doença de pele que pode acometer cães com ou sem raça definida é a otite. A otite externa é uma inflamação de origem multifatorial na qual bactérias e fungos podem estar envolvidos nos processos da doença. Os sinais clínicos mais comuns são o balanço de cabeça, prurido, odor fétido, edema, eritema, entre outros.

E é claro que, na medida em que o animal envelhece, ele poderá desenvolver outras doenças, como doenças cardíacas, renais, articulares e ósseas, entre outras. Lembrando que tais enfermidades podem ser mais comuns em cães idosos, mas não estão restritas a eles, podendo acometer os animais em qualquer idade. “É por tudo isso que lembramos que os SRD podem ter um diferencial genético importante, mas não determinante para a sua saúde”, diz Mariana.

Segundo a médica-veterinária da Elanco, a longevidade e o bem-estar do animal estão diretamente relacionadas à forma como os seus responsáveis cuidarão dele ao longo de sua vida. “Visitas periódicas ao médico-veterinário, exames para check up e a escolha de boas linhas de tratamento são fundamentais para a saúde do pet”, finaliza Mariana.