Neste mês de celebração de combate ao câncer de mama, a Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional do Rio de Janeiro revela dados alarmantes sobre a discriminação enfrentada por mulheres negras durante o tratamento da doença
O mês de outubro se consolidou como o período do ano dedicado à conscientização e prevenção ao câncer de mama. É o momento de disseminar informação qualificada e sensibilizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado, apoio emocional para pacientes com câncer de mama, entre outras demandas. No entanto, este ano, a Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional do Rio de Janeiro (SBM-RJ) tem unido esforços para destacar uma questão que merece atenção especial: a discriminação enfrentada por mulheres negras e pardas durante o tratamento da doença.
De acordo com a Dra. Maria Júlia Calas, presidente da SBM-Rio, o levantamento teve por objetivo entender as experiências de mulheres negras e pardas durante o tratamento e os resultados demonstraram uma realidade preocupante. Das 236 mulheres, 41% se identificaram como pretas ou pardas e destas, cerca de 20% relataram ter sofrido discriminação devido à sua raça ou etnia durante o tratamento. “Esse estudo é de extrema importância, pois precisamos entender o que acontece com cada paciente nessa navegação do diagnóstico ao tratamento. Esses relatos inaceitáveis”, esclarece a mastologista, anunciando que, por conta disso, a pesquisa ainda permanecerá em andamento para que possa alcançar um número maior de pacientes.
Segundo a médica, outro fator que chamou a atenção foi o fato de que, mesmo entre aquelas que afirmam não terem sentido discriminação, o racismo estrutural pode estar presente de maneiras sutis e prejudiciais. “Numa sociedade como a nossa, como podemos mensurar isso? Por isso temos que continuar ouvindo essas mulheres”, diz.
A presidente destaca ainda que, embora a luta contra o câncer de mama seja desafiadora, é essencial que as mulheres se unam para enfrentar não apenas a doença em si, mas também as desigualdades e preconceitos que possam surgir no processo. “Com a pandemia, detectamos um aumento de 26% nos casos de estágio mais avançado. Isso também tem a ver com acesso”, alerta.
Para ela, o Outubro Rosa é um momento de solidariedade e conscientização, portanto propício para abordar temas que precisam de atenção de todos. “A SBM-Rio está comprometida em garantir que todas as mulheres, independentemente de sua raça ou orientação sexual, recebam o apoio e o tratamento de que precisam”, afirma Maria Júlia.
Para finalizar, ela convida a todos para celebrar o Outubro Rosa, essencialmente atentos aos diversos fatores que implicam o acesso à prevenção e tratamento. E para dar maior visibilidade a esse alerta, a Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Rio de Janeiro, realizará sua IV Corrida/Caminhada de Prevenção ao Câncer de Mama, no dia 29 de outubro às 8h, no Parque das Figueiras localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas. “Participem todos!”, convoca a Doutora.