A política de repressão aos bailes funks, os chamados pancadões, pela polícia terminou em tumulto, pisoteamento, sete pessoas feridas e outras nove mortas em uma favela da zona sul de São Paulo, no dia primeiro de dezembro. A obediência à lei do silêncio é o motivo principal para ações de política de segurança pública, a qual inclui também, entre outras coisas, a apreensão de drogas ou roubos. Tais ações invasivas normalmente se dão por meio de gás lacrimogênio e balas de borracha para a dispersão segura das pessoas do local.
No entanto, as ações desastrosas da polícia acabam, muitas vezes, em agressões físicas com cassetetes, trocas de tiros com escudos humanos e mortes. Onde está o erro? O despreparo da polícia para lidar com as invariáveis advindas de uma situação prevista em treinamento parece patente. A violência, no entanto, oculta-se por trás de medidas preventivas contra a própria violência em momentos em que é mais fácil eliminar o problema – seja qual for o custo para isso – do que controlar e corrigir.
Aliás, isso tem sido a ‘política´ invariável e informalmente seguida, em nossa sociedade, quando ´elementos tóxicos´ são antes expelidos do que adequadamente tratados. Afinal, corrigir o problema requer muito investimento, tempo e educação – mudanças estruturais profundas em nossa sociedade. Sem isso, ficamos reféns de políticas públicas imediatistas que prezam por resultados rápidos e aparentemente eficazes, porém não duradouros. Certa vez, me deparei como uma frase, pichada em um viaduto na periferia do Rio de Janeiro, que dizia: “Sem aulas, mais bandidos, mais violência”. Isso, somando-se a tal incidente, me fez pensar: da ignorância nascem todos os males e, entres eles, certamente, a violência de forma generalizada.
Mônica de Freitas, bacharel em Letras, professora de Inglês e mestre em Filosofia (PR2 – 55697)