Jornal DR1

Pet Terapia leva mais qualidade de vida a idosos

Por Claudia Mastrange

Em parceria com a Prefeitura do Rio, o Instituto Pata Real, ONG que resgata, esteriliza e realiza campanhas de adoção com cães e gatos abandonados há mais de 15 anos, iniciou um trabalho que tem feito a diferença na vida de dezenas de idosos. Semanalmente, voluntários da ONG levam cães que vivem no abrigo para visitar os usuários assistidos pela Unidade de Reinserção Social (URS) Maria Bazani, localizado no bairro do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da cidade.

A experiência traz resultados práticos para recente pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, que concluiu que o envelhecimento do ser humano pode ser mais saudável na companhia de animais de estimação. De acordo com a pesquisa, 90% dos idosos que convivem com cães, gatos ou pássaros afirmam que os animais os ajudam a aproveitar melhor a vida e a se sentirem mais amados. Segundo 80% dos pesquisados, a convivência com os pets os faz menos estressados. Foram ouvidas duas mil pessoas com idades entre 50 e 80 anos, dos quais 54% tinham animais de estimação.

A psicóloga e diretora da URS, Mônica Cavalcanti, conta que as visitas especiais dos bichinhos aos idosos fazem toda a diferença. “Eu notei muito progresso no convívio dos idosos com os animais. As visitas frequentes dos cães da ONG Pata Real são importantíssimas para o dia a dia dos idosos. Percebemos mudanças positivas no comportamento deles, com bem-estar em geral, tanto nas áreas da saúde emocional, física, social e cognitiva”, afirma a psicóloga.

Vera Lúcia e seu xodó

Mônica explica que o apoio dos animais fortaleceu vínculos afetivos, melhorando a rotina desse grupo social. A presença dos cães soma muito para a qualidade de vida dos idosos. “Ali eles encontram um momento de descontração, felicidade, relaxamento. Consequentemente há a diminuição do sentimento de solidão, da ansiedade e da depressão e de transtornos psicossociais, além de evitar que se isolem, bem como trabalham suas questões afetuosas”, afirma Mônica.

Interação saudável para os dois lados

A presidente da ONG Pata Real, Cláudia Kelab, conta que este trabalho é de grande importância. “Ficamos muito felizes em contribuir com os idosos da Unidade Maria Bazani. Essa experiência é boa para os residentes e para os nossos animais. Eles brincam, interagem e ganham mais uma chance de conseguir um lar. Todos os nossos pets terapeutas estão disponíveis para adoção, são criaturas cheias de amor e com certeza levam mais alegria para as casas daqueles que os adotam”, afirma.

Rubi Raul ama gatinhos

Cláudia explica também que o abrigo deve ser apenas uma casa de passagem e não a residência de um animal. “Eles merecem uma família que possa dar atenção e carinho individualizado. Não pense que os animais sonham em morar em um abrigo. Eles querem ter um lar. Ajude-nos a conseguir lares para os nossos abrigados,” defende.

No Maria Bazani, a residente Vera Lúcia ficou bastante animada com a visita dos peludinhos. “Eu gostei muito de recebê-los. Não só eu, mas todos nós gostamos muito. Esses cachorrinhos vieram nos trazer mais alegria”, conta.

O cãozinho Rock, que tem uma deficiência física e vive apenas com três patas, conquistou o coração de Flávio Martins, de 68 anos. “Ele está andando, perdeu a pata esquerda e eu perdi a ‘pata direita’”, brinca, ressaltando que comparou a superação do pet à sua própria, já que não tem a perna direita. “Eu sempre pensei positivo mesmo com os problemas. Sempre pensei na superação e como os animais fazem isso. Eu tenho que fazer a mesma coisa”, conclui.

Fotos: Wanderson Cruz

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