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Pixinguinha: o mestre do choro e a alma do Brasil em notas musicais

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Compositor, arranjador e instrumentista, Pixinguinha revolucionou a música brasileira e eternizou o choro como símbolo da identidade nacional

Alfredo da Rocha Viana Filho, mais conhecido como Pixinguinha, é uma das figuras mais influentes da música brasileira. Nascido no Rio de Janeiro em 23 de abril de 1897, ele foi compositor, arranjador, flautista e saxofonista — e é considerado o pai do choro moderno. Sua obra atravessa gerações, levando emoção, técnica e identidade nacional às melodias que definiram um novo padrão musical no Brasil.

Pixinguinha teve contato com a música desde a infância. Seu pai, também músico, incentivava os filhos a estudarem instrumentos. Aos 13 anos, Pixinguinha já tocava flauta e começou a compor. Com apenas 14 anos, ingressou no conjunto “Grupo do Penedo”, e em seguida passou a frequentar os círculos boêmios e artísticos do Rio de Janeiro, tocando com músicos de prestígio e desenvolvendo um estilo próprio — que misturava o choro tradicional com elementos do jazz, do maxixe e da música africana.

Sua importância foi consolidada com a criação do grupo Os Oito Batutas, em 1919, que ganhou notoriedade nacional e chegou a se apresentar em Paris. Com esse conjunto, Pixinguinha mostrou ao mundo uma nova música brasileira, vibrante e rica em ritmos. O grupo inovou ao usar instrumentos até então pouco comuns no choro, como o reco-reco e o ganzá, e foi fundamental na difusão do gênero entre as elites e as camadas populares.

O legado de Pixinguinha se intensificou nos anos 1930, quando passou a trabalhar como arranjador para rádios e orquestras. Nesse período, introduziu elementos de harmonia complexa, contraponto e estrutura formal às composições populares, enriquecendo a música brasileira com sofisticação sem perder a alma do povo. Foi também um dos primeiros músicos a escrever arranjos completos para conjuntos de rádio, o que o tornou uma figura central na transição da música de rua para os estúdios e grandes palcos.

Composições marcantes 

Entre suas composições mais célebres estão “Carinhoso”, escrita em 1917, mas que só ganhou letra anos depois, tornando-se um dos maiores clássicos da música brasileira, além de “Lamentos”, “Rosa” e “Sofres porque queres”. Essas músicas, além de belíssimas melodias, carregam a identidade de um Brasil profundo, que sente, dança e se emociona.

Falar sobre Pixinguinha é mergulhar nas raízes da música brasileira. Ele não foi apenas um excelente músico — foi um verdadeiro gênio criativo, responsável por transformar o choro, um gênero popular que nascia nas rodas cariocas do século XIX, em uma expressão musical rica, complexa e respeitada.

Os Oito Batutas e o reconhecimento internacional

Com o grupo Os Oito Batutas, fundado em 1919, Pixinguinha ajudou a romper barreiras sociais e raciais. O grupo, formado por músicos negros, levou o choro e ritmos afro-brasileiros a lugares antes impensáveis — como o palco do cabaré Schubert, em Paris. A aceitação internacional mostrou ao Brasil que sua música popular tinha valor artístico, e Pixinguinha se firmou como um embaixador da cultura nacional.

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