Da Redação
O cidadão tomou um susto, nas últimas semanas, ao fazer suas compras e se deparar com o preço da carne. O valor foi às alturas, tornando um pouco mais salgada a cesta básica da população, que busca alternativas, como as carnes de frango ou suína. Do início de setembro para cá, o preço da carne bovina no atacado já subiu quase 50% e esse aumento foi repassado quase que integralmente para o varejo em alguns cortes de bovino.
A alta foi é motivada principalmente pelo aumento da exportação para a China, cuja demanda responde por 24,5% do total exportado pelo Brasil. De janeiro a novembro as exportações para esse país totalizaram 410.444 toneladas, 39,5% a mais do que o mesmo período do ano passado. O faturamento cresceu 59,7% ao chegar a US$ 2,171 bilhões.
Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), divulgados em 10 de dezembro, dão conta que as exportações brasileiras de carnes bovinas devem fechar o ano de 2019 com 1,83 milhão de toneladas embarcadas e receita de US$ 7,5 bilhões, representando um crescimento de 11,3% e 13,3%, respectivamente, com faturamento que pode atingir US$ 6,748 bilhões.
Exportação em alta, associada à alta do dólar e ao aumento da demanda no fim do ano, além da sazonalidade da criação de gado não favorece o mercado interno, como explica o presidente da Abiec, Antônio Camardeli. Mas os preços devem se ajustar no início do ano. “O aumento da demanda provocou o desajuste dos preços, elevando o valor da carne, mas a expectativa é a de que haja uma acomodação. Os preços não vão ficar nos patamares do momento de oscilação maior [outubro e novembro], mas não vamos voltar aos preços ortodoxos de antes. Vai chegar a um ponto de equilíbrio”, completou.
Enquanto isso, para levar para casa o bife de cada dia, há que se pensar muito na hora de optar pela carne. Em um açougue do bairro da Tijuca, na zona norte do Rio, por exemplo, o quilo do filé mignon bovino, que há um mês custava R$ 68, agora está sendo vendido a R$ 79,90. A alcatra subiu 32%: passou de R$ 36,90 para R$ 48,90, o quilo. A picanha também ficou mais cara, subindo de R$ 37,90 para R$ 49,90.
Os donos de estabelecimentos contam que os clientes estão diminuindo as quantidades, substituindo a carne vermelha por outras e pela cartela com 30 ovos – que continua no patamar dos R$ 10 − e fazendo contas para definir o que comprar. Mais uma vez o consumidor se ‘vira nos 30’ para driblar os altos e baixos do mercado e colocar comida na mesa.