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Preta Gil,  a melodia que ecoou até o infinito

Divulgação

A cantora, atriz, empresária e símbolo de resistência partiu no Dia do Amigo, deixando um legado de coragem, alegria e representatividade

  Era domingo, 20 de julho de 2025 — Dia do Amigo. A data, marcada por afeto, ganhou um eco de tristeza: Preta Maria Gadelha Gil Moreira, conhecida como Preta Gil, morreu em Nova York, aos 50 anos, enquanto buscava tratamento no Memorial Sloan Kettering . Não era apenas uma despedida; era um convite a reflexão sobre amizade, vida e representatividade. 

Uma trajetória de luz e som

Filha do icônico músico Gilberto Gil e da publicitária Sandra Gadelha, Preta nasceu em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro. Cresceu num universo de ritmos e políticas, onde o nome “Preta” precisou ser precedido por “Maria” para ser aceito no cartório — um pequeno tabu superado por sua força desde a infância.

Na virada do milênio, aos 28 anos, ela escolheu ser artista: lançou-se em “Prêt-à-Porter” (2003), com sua própria voz e coragem — a capa nua representou essa ousadia, um corpo livre e resistente .  Vendendo quatro álbuns de estúdio orgulhosamente lançados — “Preta” (2005), “Sou Como Sou” (2012) e “Todas as Cores” (2017) — a artista navegou entre MPB, samba, axé e funk, sempre abraçando a alegria e a diversidade.   

Bloco da Preta: a voz que tomou as ruas

Não bastou ser voz em estúdio: Preta fundou o animado Bloco da Preta em 2009, transformando o Carnaval carioca com trios elétricos, hits e representatividade — e, em cinco anos, reuniu mais de 3 milhões de foliões. A presença dela nas ruas era expansão de seu corpo político e artístico.

Ativismo, corpo e verdade

Mais do que artista, Preta foi ativista incansável — denunciou o racismo, a gordofobia e a LGBTQIA+fobia com firmeza e elegância.  Tornou seu corpo palco de resistência e protagonismo, estimulou o debate sobre liberdade corporal e orgulho racial. Em 2017, fundou a Mynd — agência que impulsionou minorias digitais, especialmente mulheres negras. 

A luta contra o câncer

Em janeiro de 2023, descobriu um câncer colorretal. Submeteu-se a cirurgias, quimioterapias e radioterapias — enfrentou complicações como septicemia e novo surgimento da doença em 2024. Ainda assim, manteve a transparência e a esperança: foi à TV para narrar sintomas, o impacto no cotidiano e o poder do diagnóstico precoce.

  Em maio de 2025 mudou-se para Nova York em busca de tratamentos especiais, mas sua saúde se agravou rapidamente—ela faleceu em 20 de julho.

Legado que não se cala

Deixa um filho — Francisco, de 28 anos — e uma neta, Sol de Maria, de 7 anos. No Rio, a Prefeitura decretou três dias de luto oficial, enquanto clubes, artistas e fãs celebram sua energia, empatia e coragem.   Preta Gil se foi, mas a sua música segue vibrando, suas lutas ecoam nas ruas e sua arte pulsa em cada corpo que se reconheceu em suas canções.

  “Era uma mulher transgressora, sempre à frente do seu tempo… uma luz para inúmeras mulheres” — palavras da Mynd, que reverberam o que Preta foi: coragem em forma de arte.  Preta, no Dia do Amigo, partiu — mas deixou-nos o maior presente: a verdade da amizade, a potência da representatividade e a canção infinita da liberdade.

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