Por Claudia Mastrange
Um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama e, em última instância, em prol da saúde da mulher. Assim é o Outubro Rosa, que foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
O INCA (Instituto Nacional do Câncer), que participa do movimento desde 2010, promove eventos técnicos, debates e apresentações sobre o tema, assim como produz materiais e outros recursos educativos. De acordo com a instituição, o câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino. Para o Brasil, foram estimados 59.700 casos novos de câncer de mama em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres.
De acordo com o oncologista Bruno França, diretor médico do CON — Oncologia, Hematologia e Centro de Infusão, além dos exames preventivos anuais regulares, incluindo a mamografia, há medidas protetoras e que podem contribuir para reduzir o risco. “Combater a obesidade, evitar bebida alcoólica, não usar anticoncepcionais de forma indiscriminada e sem a orientação médica, não fazer terapia de reposição hormonal de forma indiscriminada e sem orientação do mastologista [lembrando que a terapia de reposição hormonal é um importante fator de risco para câncer de mama]. A gravidez e a amamentação também são fatores de proteção”, informa o médico.
Nesse foco, o CON está fazendo a campanha ‘Outubro em tons de rosa’, realizando eventos gratuitos. O próximo acontece em 19 de outubro, de 11h às 18h, no Recreio Shopping. A programação inclui palestras com profissionais de saúde como oncologistas, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas; oficinas de maquiagem, de amarração de lenço e de bem-estar; corte de cabelo para doação, aula de alongamento, meditação, entre outros.
Famosa por suas ações de informação e prevenção ao câncer e mama, a Fundação Laço Rosa lançou recentemente a ‘Contratada’, primeira plataforma brasileira de empreendedorismo e emprego para mulheres que passaram pelo câncer de mama. O projeto foi inspirado num caso real de dispensa discriminatória e também tem como desafio mudar a legislação brasileira que hoje não garante estabilidade de emprego para pacientes com câncer.
“A pessoa em tratamento precisa ser respeitada no ambiente de trabalho, por isso conhecer os seus direitos é o primeiro passo. Além dos muitos casos de dispensa discriminatória que chegam ao conhecimento da Laço Rosa, também sabemos de muitos casos de mulheres que são barradas em processos seletivos de forma velada. Isso é uma forma cruel de violência!”, destaca Marcelle Medeiros, presidente da Fundação Laço Rosa.
Fala doutor!
Bruno França, oncologista
Com que frequência a mulher deve fazer o autoexame e o preventivo em consultório?
A prevenção do câncer de mama é realizada em três passos. O primeiro é o autoexame, que deve ser feito mensalmente, sempre após a menstruação. O segundo é o exame clínico, feito em consulta ao mastologista ou ginecologista, que pode detectar tumores maiores de 1 cm. E o terceiro passo é a mamografia, que deve ser feita uma vez ao ano em mulheres acima de 40 anos. Em alguns casos, deve até ser feita antes, quando há histórico familiar ou alterações que precisem de acompanhamento. Importante ressaltar que o autoexame não substitui os outros dois exames.
Quem apresenta nódulos/cistos tem maior probabilidade de desenvolver a doença?
Os nódulos ou cistos mamários por si só não representam um maior risco para o câncer de mama. Entretanto, tais alterações têm que ser acompanhadas pelos respectivos mastologistas assistentes. Apenas o médico poderá definir se algum desses nódulos ou cistos merecem investigação mais detalhada e a realização de punção ou biópsia.
A hereditariedade é o maior fator de risco?
A minoria dos casos, cerca de 5 a 10%, tem relação com síndromes hereditárias. A grande maioria dos casos são aqueles definidos como esporádicos.
Quais são as idades mais “perigosas”?
A idade é um fator de risco, sendo a faixa etária com maior concentração de casos definida é sétima década de vida.
Foto: Pixabay