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Priscilla Castro dos Santos: a poesia que ensina a enxergar o mundo com outros olhos

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Professora transforma o cotidiano com crianças autistas em narrativas sensíveis e poéticas, promovendo empatia, inclusão e escuta verdadeira

Em um mundo onde a pressa costuma calar o que é diferente, a professora Priscilla Castro dos Santos escolheu o caminho do afeto, da escuta e da palavra. Educadora por vocação e poeta por sensibilidade, ela tem se dedicado, há anos, ao trabalho com crianças autistas, não apenas como alguém que ensina, mas como quem aprende a cada olhar, silêncio ou gesto.

Sua atuação vai além da sala de aula. Priscilla constrói, com delicadeza e profundidade, narrativas poéticas que revelam as particularidades e belezas do universo autista, desconstruindo estigmas e convidando a sociedade a enxergar essas infâncias com mais respeito, ternura e humanidade. Suas palavras tocam porque vêm do chão da escola, de mãos dadas com quem ainda está aprendendo a se expressar em um mundo que nem sempre os escuta.

Educar com afeto: um ato de resistência e transformação

Para Priscilla, educar crianças autistas é muito mais do que aplicar métodos ou adaptar atividades. É acolher as singularidades, respeitar os tempos próprios de cada criança e, principalmente, reconhecer que há beleza em formas diferentes de se comunicar, se expressar e se relacionar.

Ela entende que cada criança carrega um universo único. Algumas falam com os olhos, outras com movimentos repetitivos, algumas ainda não verbalizam, mas dizem tanto no silêncio. É a partir dessa escuta sensível que a professora transforma suas vivências em textos que mesclam realidade e poesia, encantamento e crítica social.

Ao invés de narrativas técnicas ou distantes, Priscilla escreve com o coração de quem vive o cotidiano da educação inclusiva — com seus desafios, mas também com suas muitas descobertas. Seus textos tratam do autismo não como limitação, mas como outra forma de ser no mundo.

A literatura como ponte entre mundos

O que faz a escrita de Priscilla tão especial é seu poder de comunicar experiências reais com uma leveza poética, criando pontes entre os leitores e o universo autista. Em suas narrativas, ela mostra que a diferença não é ausência de sentido, mas apenas outro caminho para se estar no mundo. Suas palavras acolhem os pais, inspiram professores e convidam a sociedade a olhar com mais empatia para essas infâncias que muitas vezes são invisibilizadas.

Ao contar sobre os avanços de uma criança que, pela primeira vez, consegue vestir sua camiseta sozinha, ou sobre o menino que encontrou no balanço uma forma de se acalmar, Priscilla nos ensina que há poesia nas pequenas conquistas e que cada passo merece ser celebrado. Seus textos não romantizam o autismo, mas iluminam suas nuances com profundidade e respeito.

Uma educadora que inspira a inclusão pela palavra e pelo exemplo

Priscilla Castro dos Santos é, antes de tudo, uma ponte entre mundos que ainda se desconhecem. Sua trajetória como professora de crianças autistas é marcada por escuta, afeto e compromisso com uma educação verdadeiramente inclusiva — aquela que reconhece, valoriza e aprende com as diferenças.

Seu trabalho não se limita à sala de aula: ecoa em redes sociais, rodas de conversa, formações pedagógicas e, principalmente, nos corações daqueles que, ao ler suas palavras, compreendem melhor o que significa ser diferente num mundo que espera o igual.

Ao transformar experiências pedagógicas em arte, Priscilla nos lembra que educar é também poetizar a vida. E que, por meio da escuta e da palavra, é possível construir um mundo onde toda criança, com ou sem diagnóstico, tenha direito ao encantamento, ao respeito e à presença plena.