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Protestos no Chile revelam enorme descontentamento popular

 

Por Sandro Barros

As concentrações nas ruas das principais cidades chilenas se tornaram mais volumosas, apesar do pacote de medidas sociais anunciado pelo presidente Sebastián Piñera na noite de 22 de outubro. Logo no dia seguinte, 23, centenas de pessoas paralisaram três quilômetros da principal avenida de Santiago, conhecida como Alameda, na maior jornada de protestos desde o início das mobilizações. Embora tenham sido registrados alguns incidentes violentos – como o saque a um hotel central da capital –, as mobilizações são mais pacíficas que em outras jornadas.

No dia 24, sexto dia de estado de emergência na capital, que continua sob controle militar, quase 90% dos ônibus saíram às ruas, e os supermercados começaram a abrir. No mesmo dia, Piñera anunciou um pacote de medidas, que terá um custo de R$ 4,9 bilhões, garantindo uma renda mínima de R$ 1.950 mensais para todos os trabalhadores de jornada completa e a suspensão do reajuste das tarifas elétricas até dezembro de 2020.  Um dia depois, a oposição – maioria na Câmara – aprovou a tramitação de um projeto de lei que reduz o limite da jornada de trabalho de 45 para 40 horas semanais. Os protestos arrancavam suas primeiras conquistas.

Desde o inicio das manifestações, já se contabiliza 18 vitimas fatais nos confrontos. Embora o número de detidos tenha diminuído, continuam sendo centenas: só em 23 de outubro, as forças policiais e militares prenderam 735 pessoas em diferentes cidades do país. O número de civis feridos subiu a 101, e entre as forças de segurança se contabilizaram 58. Os incidentes graves de violência, segundo o Governo, também diminuíram: de 169 para 126 nas últimas horas da quinta. A primeira semana de protestos também termina com amplos prejuízos materiais, como os acorridos no metrô, onde houve danos estimados em 300 milhões de dólares.

Após as denúncias sobre o uso excessivo da força policial e militar – que motivaram 59 ações judiciais por diversos delitos, incluído o de homicídio –, Piñera entrou em contato com a ex-presidente Michelle Bachelet, atual alta-comissária de Direitos Humanos da ONU, para solicitar que o organismo faça uma visita ao país. “Decidi enviar uma missão de verificação para examinar denúncias de violações dos direitos humanos no Chile”, confirmou Bachelet depois da conversa telefônica com seu sucessor na presidência.

Os protestos tiveram início após o anúncio do reajuste da tarifa do metrô (de R$ 4,65 para R$ 4,83), feito no início do mês. Revoltados, populares foram às ruas no dia 17 e destruíram 41 estações de metrô. Também ocorreram incêndios de ônibus, carros, bancos, sedes de multinacionais e saques de lojas e supermercados em várias regiões da capital. Vendo que a situação não se acalmava, Piñera decidiu suspender o aumento das tarifas, enquanto o Exército determinou toque de recolher, entre as 22h e 7h.  No entanto, já estava claro que o descontentamento popular vai além do aumento da tarifa metroviária. (com informações do El País)

Foto: CNN

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