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Questões de gênero, esportes e cidadania

O mundo da natação esportiva tem vivido um dilema: mulheres transgênero, homens biológicos que se consideram mulheres, foram proibidas de participarem de competições femininas internacionais – e quem/o que dita o gênero? A Federação Internacional de Natação, com o suporte de estudos científicos, abriu, no entanto, uma exceção para as atletas que tenham feito tratamento para suprimir a produção de testosterona antes da puberdade. Sem isso, as atletas transgênero teriam uma vantagem injusta sobre as demais competidoras, considerando o fato de que a maior parte dos homens são biologicamente maiores, mais fortes e mais rápidos do que a maioria das mulheres, senão de todas. 

Não se trata aqui de privilegiar ou não políticas de exclusão-inclusão. A questão, certamente, extrapola o mundo esportivo e levanta discussões recentes acerca do conceito de gênero. Atualmente, há três tipos de identidade de gênero: cisgênero, transgênero e não-binário. No primeiro caso, ocorre a identificação da pessoa com sexo biológico; no segundo, a identificação é diversa; e no terceiro, a pessoa não se identifica com o sexo de nascença ou com outro gênero. Alguns anos antes, a escritora e filósofa Simone de Beauvoir havia afirmado “Ninguém nasce mulher, torna-se.” Nesse contexto, a feminilidade não é instintiva, mas se constitui numa aprendizagem nos âmbitos social e cultural. Mas, qual a sua relação com as atletas transgênero em questão? Será aqui o caso dessas atletas terem colocado sua identidade de gênero anteriormente e acima das questões esportivas e de suas ambições? Ou será o meio mais fácil de saltar de atleta mediano entre os homens para atletas excepcionais entre as mulheres? 

Em qualquer um dos casos, a resposta não é simples. Talvez, seja mais justo criar uma categoria `a parte nas competições. Enquanto isso, no âmbito social e político, elas têm seu lugar assegurado com sujeitos de direito, pois, como dito na Declaração Universal de Direitos Humanos, todo ser humano tem a capacidade de gozar de direitos e liberdades sem distinção de qualquer espécie, seja de cor, sexo, raça, opinião política ou outras. E ponto final. 

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