Na programação do Sesc Pulsar, monólogo com Ana Carbatti reflete sobre os desafios da relação de uma mãe preta com seu filho diante do racismo na sociedade
O dilema de uma mãe preta em falar sobre o racismo na sociedade com o filho é o ponto de partida da peça “Ninguém Sabe Meu Nome”, que sobe ao palco do Teatro Sesc Ramos no dia 6 de julho, quinta-feira, às 19h. A produção, aclamada por público e crítica, reflete sobre os desafios da relação de uma mãe preta com seu filho diante do racismo na sociedade. A idealização e a interpretação são de Ana Carbatti (indicada ao prêmio APTR), que também assina o texto com Mônica Santana, e a direção, de Inez Viana e Isabel Cavalcanti. A temporada tem apoio e patrocínio do Sesc pelo Edital Pulsar e percorre diversas cidades do estado do Rio de Janeiro.
O monólogo reflete sobre os códigos racistas tácitos da sociedade, seus impasses, impactos e possíveis propostas de reparo. Em meio a isso, o desafio de uma mãe preta de meia idade, Iara, para educar e orientar seu filho pequeno, Menino, diante de uma sociedade que não o reconhece como igual, mesmo em um país, o Brasil, que tem a maior população preta do mundo fora do continente africano. Em cena, Ana Carbatti, de inúmeros papéis no teatro, na televisão e no cinema, se multiplica em muitas vozes e corpos, cujas expressões são as premissas do projeto.
– Da reflexão ao entretenimento, provocando engajamento e empatia, distinguimos o problema do preto e o problema do branco. Iara só quer ter a certeza de que seu filho vai chegar à idade adulta e se tornar um cidadão comum e respeitado. A sua angústia sintetiza a de milhões de mães no Brasil e no mundo – conta a premiada atriz, indicada ao Prêmio Shell e ao APTR pelo papel.
Tudo começa quando ela acorda de um pesadelo onde ocorre o desaparecimento de Menino. A partir daí, começa por questionar sua própria existência e sua função na sociedade, como mulher e mãe: educar seu filho para que se desenvolva como um indivíduo que cresça, floresça e contribua para a sociedade ou despi-lo, ainda em tenra idade, de sua inocência de modo a prepará-lo para o enfrentamento de uma sociedade que não o reconhece como igual. Em uma conversa íntima com o público, ela discorre sobre suas principais angústias, medos e esperanças, falando através de todos os seus sentidos, se expondo e expondo seu corpo tão marcado quanto belo, tão liberto quanto invisível.
– É urgente refletir e falar sobre o racismo no Brasil e sobre a violência que sofre a população preta, grande maioria no país. É fundamental repensar a história brasileira: um país fundado a partir do massacre violento de muitos, por parte de uma elite privilegiada. Nesse momento, em que vivemos um período de retrocesso político atroz, de guerra psicológica, emocional e moral, é fundamental esse debate no teatro, que é o lugar em que a nossa humanidade ainda sobrevive. E onde ainda é possível um diálogo amoroso – ressalta Isabel Cavalcanti.
Sem deixar de lado o humor e a empatia, o espetáculo traz uma reflexão sobre como a sociedade ainda precisa compreender sua responsabilidade e agir para reparar sua dívida histórica com a população preta.
– Promover a presença e o protagonismo pretos é necessário para a construção do que pode(re)mos chamar de identidade brasileira. E só o antirracismo conseguirá nos devolver à humanidade perdida em mais de 300 anos de escravização. Não haverá liberdade enquanto não houver igualdade. Essa peça é uma das mais importantes que já fiz, em quase 40 anos de teatro. É a palavra-semente que precisa ser espalhada pelo mundo – destaca Inez Viana.
Serviço:
“Ninguém Sabe Meu Nome”
Data e horário: dia 06 de julho, quinta-feira, às 19h
Local: Teatro Sesc Ramos – Rua Teixeira Franco, 38, Ramos, Rio de Janeiro
Entrada: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Classificação etária: 12 anos
Duração: 60 min
Gênero: drama
Mais informações: https://www.sescrio.org.br/unidades/
Instagram: @ninguemsabemeunome_
Próximas apresentações:
Valença | Teatro | 07/07 | 20h
Barra Mansa | Teatro | 20/07 | 19h
Ficha técnica:
Idealização: Ana Carbatti
Texto: Ana Carbatti
Dramaturgia: Inez Viana e Mônica Santana
Direção: Inez Viana e Isabel Cavalcanti
Direção de Movimento: Cátia Costa
Cenário: Tuca Mariana
Figurino: Flávio Souza
Desenho de Luz: Lara Negalara e Fernanda Mantovani
Direção Musical: Vidal Assis
Direção de Produção: Aliny Ulbricht
Produção Executiva: Raissa Imani
Direção de Comunicação: Daniel Barboza
Coprodução: Kawaida Cultural
Assessoria de Imprensa: Carlos Pinho
Apoio: SESC-RJ
ANA CARBATTI
Formada pela CAL e pela Uni-Rio, tem trilhado nos últimos 30 anos uma carreira de sucesso no teatro, televisão e cinema. Ganhou 4 prêmios de melhor atriz por sua atuação no filme “Os Inquilinos”, sob a direção de Sérgio Bianchi, com quem realizou outros dois filmes. Dentre as 20 novelas em que atuou, destacam-se “A Força de um Desejo”, “JK”, “Laços de Família”, “Lado a Lado”, “Amor à Vida”, “Haja Coração” e “Tempo de Amar”, todas na TV Globo.
No teatro, atuou em mais de 60 produções, destacando-se em “Otelo da Mangueira”, “A Capital Federal” e a “Divina Comédia”, respectivamente sob a direção de Daniel Herz, André Paes Leme e Regina Miranda, e “Tim Maia – O Musical”, sob a direção de João Fonseca, além dos espetáculos infantojuvenis “Manuel Bandeira: Estrela da Vida Inteira” e “Histórias de Jilú”. Em 2014, protagonizou o musical “Clementina, Cadê você?”, dirigido por Duda Maia. Em seguida, produziu e protagonizou os espetáculos “Pequenas Tragédias” e “Redemunho”.
INEZ VIANA
Inez Viana é atriz há 38 anos e diretora teatral há 15. Também atua como professora e dramaturga. Tem bacharelado em Artes Cênicas e pós-graduação em direção teatral pela Faculdade CAL, RJ, 2019. Trabalhou com nomes da cena brasileira como Aderbal Freire-Filho, Sérgio Britto, Enrique Diaz, Márcio Abreu, Grace Passô, Danilo Grangheia, Cristina Moura, Denise Stutz, Pedro Kosovski, Georgette Fadel, Newton Moreno, Diogo Liberano, entre outros. Também tem passagens pelo Cinema, TV Globo e Streaming. Em 2010, fundou, junto com nove atrizes e atores, a Cia OmondÉ, que já tem 8 peças montadas, além das 9 que dirigiu fora da companhia. Seus trabalhos em atuação e direção lhe renderam vários Prêmios e indicações, como Shell e APTR.
ISABEL CAVALCANTI
Isabel Cavalcanti é diretora, atriz e autora. Indicada aos Prêmios Shell, Cesgranrio e Arte Qualidade Brasil. Publicou os livros “Eu Que Não Estou Aí Onde Estou: O Teatro de Samuel Beckett” (7Letras) e “Aquele Que Tem Mais O Que Fazer” (Poesia/7Letras). Mestre em Literatura Brasileira (PUC/Rio) e Mestre em Teatro (UNIRIO), trabalha nas Artes Cênicas há 30 anos e há 3 anos como diretora de cinema. Em cinema, codirigiu o documentário “A Última Gravação”, sobre o ator Sérgio Britto, exibido na Première do Festival do Rio 2019 e nos Festivais de NY e Miami, além de um curta-metragem de ficção, lançado em 2022.
ANA CARBATTI PRODUÇÕES E ARTES
Empresa de produções artísticas e eventos culturais fundada em 2001 pela atriz e cantora Ana Carbatti, começa a atuar no mercado de produção artística quando a bailarina e coreógrafa Sueli Guerra ingressa em seu quadro de sócios, trazendo as produções de seu grupo de dança, a Companhia da Ideia, em 2007.
Desde então produziu os espetáculos de teatro-dança “Estação” (2007), que percorreu o Brasil em temporada e participou de festivais, “Jangada de Pedra” (2010), sobre a obra homônima de José Saramago, “Pequenas Peças” (2011), sobre a obra de Clarice Lispector, no Teatro do Jockey, e “Será” (2012), intervenções públicas de dança teatro em praças públicas e trens do Rio de Janeiro. O ano de 2013 marca a iniciativa da empresa no campo das artes cênicas, idealizando e produzindo o espetáculo “Pequenas Tragédias”, contemplado pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, realizando temporada de sucesso na Casa de Cultura Laura Alvim, assim como em São Paulo, em 2014, através do subsídio federal da Caixa Cultural. Em 2017, em parceria com a Cia. Falácia Produções, a empresa idealizou e produziu o espetáculo “Redemunho”, cuja estreia ocorreu no Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim.
Kawaida Produção Cultural e Educacional
A Kawaida Cultural assina a co-produção da peça “Ninguém Sabe Meu Nome”, entendendo e reforçando um lugar criativo e sensível da produção. A jovem empresa nasce em 2021, fruto do acúmulo profissional de Aliny Ulbrich no cenário teatral no Rio de Janeiro, e de Raissa Imani trazendo um olhar sociológico e educativo para o setor cultural na cidade.
A empresa busca trabalhar de forma plural e criativa, entendendo o trabalho de produção e gestão como parte do processo artístico. Busca pontes e parcerias que possibilitem o crescimento mútuo, somando artisticamente a projetos, potencializando ideias e fortalecendo redes, não apenas no teatro, mas no audiovisual e projetos educacionais.
Procura dentro dessa pluriversalidade, alcançar profissionais negros, LGBTQIA+, grupos não hegemônicos que carregam uma bagagem intelectual e criativa cada vez mais necessária para o desenvolvimento de novos paradigmas e formas de vivenciar o mundo de forma saudável e harmônica.