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Relicário

Afirmam os escritores, poetas e muitos outros das letras, das humanas e da natureza que, o coração é o relicário que retém todas as nossas emoções. Gosto de crer no além disso. Gosto de acreditar na existência física dos nossos mais valorosos sentimentos: uma cabana, um porta retrato, uma joia afetiva…!  Àqueles que carregam algo bem pequeno mas, que, é tão poderoso quanto o momento do surgimento da existência. E assim é o amor.

A casca da semente é o relicário verde; visto que pendente desponta, nos ávidos galhos das frutíferas em sombras sobre o asfalto quente.
Este pequeno “porta- sentimento” é antigo! É um livro com a flor…. seca; é o tapete que nunca perdeu o perfume do frasco, por cima, quebrado. Que, mesmo lavado, não foi levado, relicário- detentor de tantas emoções e sentimentos mais profundos d’alma.

A caixinha de fosforo vazia, os potes da cozinha, o bombonier… a caixa de lata em azul dos biscoitos que só haviam botões, carreteis e agulhas, remanescentes do açúcar no papel vegetal. O imaginário do carrossel no carretel de linhas, sem que as agulhas fisguem uma gota do sangue- proteção dos dedais: prata, ouro ou latão. Não importa!

Ah! Esses valorosos sentimentos… Podemos denomina-los do que quisermos. Gosto, porém, de chama-los tão somente e apenas de microcosmos. Sentimentos micros, pequenos, minúsculos, rápidos. Sim, os nobre sentimentos não são, de certo, longos; são, sim, tão minúsculos que só se consegue descrever por meio do menor gesto. Sentimentos nobres, o amor, não requer barulhos ou grandes luminosidades externas. Basta um pequeno relicário, um suspiro, uma lembrança, um fio de cabelo…

Guardo em um relicário memórias do amor materno, memorias alegres. A mecha de cabelo, o tecido brocado da vó. Os aniversários, as superações. Tudo que se tem direito de guardar em um lugar de relíquias, de tesouros. Não os cofres pesados de chumbo, concreto ou ferro, mas os leves, feito o melhor dos sonos. Pendurado em um fio dourado sobre o peito recheado de saudade.

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