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Rio sedia 1ª Cúpula Popular do Brics, que defende mais diálogo com chefes de Estado

Foto: Henrique Coelho/g1

Começou nesta segunda-feira (1º), no Rio de Janeiro, a 1ª Cúpula Popular do Brics. Até quinta-feira (4), representantes de 21 países discutem a participação dos movimentos sociais e da sociedade civil nas instâncias de decisão da governança global.

“O principal objetivo é construir um fórum onde a sociedade civil possa dialogar diretamente com os chefes de Estado do Brics”, afirmou Marco Fernandes, integrante da organização da Cúpula Popular.

O evento também destacou a relevância do bloco para o cenário internacional, abordando temas como produção agroecológica, desenvolvimento sustentável e segurança alimentar.

Em participação por vídeo, Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), elogiou a iniciativa. “Pela primeira vez, os povos dos países do Brics possuem um canal permanente de diálogo. Vocês não são observadores; são arquitetos do futuro que queremos construir”, disse.

“Essa visão permanece no centro de nossa atuação. São os países-membros que definem suas prioridades. Nossa estrutura de governança é baseada na igualdade”, completou.

Dilma também ressaltou que a Índia assume a presidência do Brics em 2026, com novos desafios para ampliar a capacidade de investimento do banco.

O encontro ocorre no Armazém da Utopia, na Zona Portuária, seis meses após a cúpula principal realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), que reuniu chefes de Estado e representantes de organismos internacionais.

O que é o Brics?

O Brics reúne 21 países do Sul Global — nações em desenvolvimento da América Latina, África, Ásia e Oceania.

Membros-fundadores (2009):

  • Brasil
  • Rússia
  • Índia
  • China

A África do Sul ingressou em 2010, acrescentando o “S” à sigla.

Membros efetivos:

  • Arábia Saudita
  • Egito
  • Emirados Árabes Unidos
  • Etiópia
  • Indonésia
  • Irã

Países parceiros:

Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.

Para que serve o Brics?

O bloco funciona como um fórum de articulação político-diplomática e cooperação multissetorial. A presidência é rotativa, e cada país propõe temas de discussão. Os chefes de Estado se reúnem anualmente para debater os eixos definidos e assinar a declaração conjunta.

O Brasil assumiu a presidência do bloco em 1º de janeiro de 2025 e escolheu o Rio de Janeiro — especificamente o MAM — para sediar a cúpula.

O que foi anunciado após a cúpula de julho?

O Brics divulgou a Declaração do Rio de Janeiro, documento com 126 pontos que tratam de governança global, conflitos internacionais e cooperação econômica.

Entre os destaques:

  • Defesa de uma ampla reforma da ONU, com modernização do Conselho de Segurança e maior representação de países em desenvolvimento.
  • Apoio à solução de dois Estados para Palestina e Israel.
  • Repúdio a ataques contra o Irã, sem menção a responsáveis.
  • Fortalecimento do multilateralismo e crítica a medidas tarifárias unilaterais.
  • Expansão do uso de moedas locais nas transações entre países do bloco.
  • Ampliação da cooperação em áreas como tecnologia, infraestrutura, IA e logística.
  • Apoio às aspirações de Brasil e Índia por maior protagonismo no Conselho de Segurança da ONU.

O bloco também anunciou a criação da Parceria do Brics para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas, com foco no combate a condições que afetam populações vulneráveis, prevendo reforço aos sistemas de saúde e investimentos em pesquisa, inovação e ações intersetoriais.

Outra medida foi o lançamento de um plano conjunto de financiamento climático, que cobra o cumprimento de promessas antigas de países desenvolvidos e propõe uma nova meta de US$ 300 bilhões anuais até 2035. O documento reforça o compromisso com o Acordo de Paris, condena medidas ambientais unilaterais e determina que 40% dos financiamentos do NDB sejam destinados a projetos climáticos até 2026.

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