Começou nesta segunda-feira (1º), no Rio de Janeiro, a 1ª Cúpula Popular do Brics. Até quinta-feira (4), representantes de 21 países discutem a participação dos movimentos sociais e da sociedade civil nas instâncias de decisão da governança global.
“O principal objetivo é construir um fórum onde a sociedade civil possa dialogar diretamente com os chefes de Estado do Brics”, afirmou Marco Fernandes, integrante da organização da Cúpula Popular.
O evento também destacou a relevância do bloco para o cenário internacional, abordando temas como produção agroecológica, desenvolvimento sustentável e segurança alimentar.
Em participação por vídeo, Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), elogiou a iniciativa. “Pela primeira vez, os povos dos países do Brics possuem um canal permanente de diálogo. Vocês não são observadores; são arquitetos do futuro que queremos construir”, disse.
“Essa visão permanece no centro de nossa atuação. São os países-membros que definem suas prioridades. Nossa estrutura de governança é baseada na igualdade”, completou.
Dilma também ressaltou que a Índia assume a presidência do Brics em 2026, com novos desafios para ampliar a capacidade de investimento do banco.
O encontro ocorre no Armazém da Utopia, na Zona Portuária, seis meses após a cúpula principal realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), que reuniu chefes de Estado e representantes de organismos internacionais.
O que é o Brics?
O Brics reúne 21 países do Sul Global — nações em desenvolvimento da América Latina, África, Ásia e Oceania.
Membros-fundadores (2009):
- Brasil
- Rússia
- Índia
- China
A África do Sul ingressou em 2010, acrescentando o “S” à sigla.
Membros efetivos:
- Arábia Saudita
- Egito
- Emirados Árabes Unidos
- Etiópia
- Indonésia
- Irã
Países parceiros:
Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
Para que serve o Brics?
O bloco funciona como um fórum de articulação político-diplomática e cooperação multissetorial. A presidência é rotativa, e cada país propõe temas de discussão. Os chefes de Estado se reúnem anualmente para debater os eixos definidos e assinar a declaração conjunta.
O Brasil assumiu a presidência do bloco em 1º de janeiro de 2025 e escolheu o Rio de Janeiro — especificamente o MAM — para sediar a cúpula.
O que foi anunciado após a cúpula de julho?
O Brics divulgou a Declaração do Rio de Janeiro, documento com 126 pontos que tratam de governança global, conflitos internacionais e cooperação econômica.
Entre os destaques:
- Defesa de uma ampla reforma da ONU, com modernização do Conselho de Segurança e maior representação de países em desenvolvimento.
- Apoio à solução de dois Estados para Palestina e Israel.
- Repúdio a ataques contra o Irã, sem menção a responsáveis.
- Fortalecimento do multilateralismo e crítica a medidas tarifárias unilaterais.
- Expansão do uso de moedas locais nas transações entre países do bloco.
- Ampliação da cooperação em áreas como tecnologia, infraestrutura, IA e logística.
- Apoio às aspirações de Brasil e Índia por maior protagonismo no Conselho de Segurança da ONU.
O bloco também anunciou a criação da Parceria do Brics para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas, com foco no combate a condições que afetam populações vulneráveis, prevendo reforço aos sistemas de saúde e investimentos em pesquisa, inovação e ações intersetoriais.
Outra medida foi o lançamento de um plano conjunto de financiamento climático, que cobra o cumprimento de promessas antigas de países desenvolvidos e propõe uma nova meta de US$ 300 bilhões anuais até 2035. O documento reforça o compromisso com o Acordo de Paris, condena medidas ambientais unilaterais e determina que 40% dos financiamentos do NDB sejam destinados a projetos climáticos até 2026.



