Depois de trinta livros publicados, dez áudio-livros, dois filmes e cinco prêmios no currículo, a multifacetada autora, roteirista e produtora Sonia Rodrigues, filha do saudoso dramaturgo Nelson Rodrigues, decidiu revisitar suas origens suburbanas para uma nova empreitada, o lançamento da obra literária “Freud em Madureira”, pela Editora Batel.
Num texto sensual e provocante, a trama e os personagens giram em torno da frase jocosa de Nelson: “o psicanalista é uma comadre bem paga”. Sofia escuta a expressão rodriguiana de um interlocutor improvável: Romeu, um bonito taxista, um pouco mais jovem do que ela e morador de Madureira. Sofia resolve assumir o desafio de trazer seu consultório para o bairro do título do livro. A linguagem despudorada e o texto envolvente levam o leitor a mergulhar neste tórrido romance. Freud em Madureira já tem lançamento marcado, com noite de autógrafos no dia 13 de setembro (terça-feira), às 19h, na Livraria da Travessa, no Leblon, no Rio de Janeiro.
“Freud em Madureira” é um livro sobre a vida dupla de Sofia: a de analista ortodoxa na Zona Sul, para todos os gêneros, e a de terapeuta, com ‘pacote econômico” de seis sessões em Madureira, só para mulheres. Sua tese é: o que Freud não resolve, mulheres decididas podem resolver com uma interlocução que esteja ao alcance e funcione. E claro, também com a recuperação da sensualidade muitas vezes adormecida pelo dia a dia das pacientes.
A ideia de misturar Freud, criador da psicanálise, com o famoso bairro do subúrbio carioca não foi em vão. A autora acredita que todo cidadão deveria ter direito a fazer terapia, mas entende que ainda há diversos tabus e que vão além da dificuldade de acesso financeiro. “Freud para ir à Madureira precisaria se adaptar, não é verdade?”, questiona a autora, Sonia acredita que as teorias freudianas estão desatualizadas com a realidade contemporânea, no que se refere ao prazer feminino e à homossexualidade, por exemplo. “Freud teria um choque cultural nos dias de hoje”, complementa.
“Outra frase do meu pai que me serviu de referência na construção dessa obra foi uma que ele sempre dizia à minha mãe, quando éramos pequenos: ‘Podemos ser piores, mas não somos iguais a ninguém’. A coragem dele me inspirou. Quis escrever uma trama sobre a relação entre a psicanálise e o subúrbio”, explica Sonia Rodrigues, que afirma ter um contato afetivo com a região, que costuma visitar. “Convivo menos do que gostaria. Nunca fui ao Cacique de Ramos, por exemplo, apesar de adorar samba. Nasci no bairro de Irajá”, complementa.
O evento acontecerá na próxima terça-feira (18) às 19h. A livraria está localizada na Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema. Entrada Gratuita.
