Sargento do Bope é preso por vazar operações policiais para facção no Rio durante uma ação da Polícia Federal realizada nesta segunda-feira (8). Além dele, outro sargento da Polícia Militar também foi detido sob suspeita de integrar um grupo que repassava informações sigilosas a uma das maiores facções criminosas do estado.
A operação, batizada de Operação Tredo, ocorreu simultaneamente em Rio de Janeiro e no município de Mesquita, na Baixada Fluminense. Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de prisão temporária e seis de busca e apreensão, expedidos pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa.
A ofensiva contou com o apoio do próprio Batalhão de Operações Especiais e da Corregedoria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Federal, os militares investigados repassavam dados estratégicos como data, horário, alvos e rotas de operações para áreas dominadas pela facção.
Com as informações antecipadas, criminosos conseguiam reorganizar barricadas, esconder armamentos pesados, retirar drogas dos pontos de combate e, em alguns casos, preparar emboscadas contra agentes de segurança.
Um dos presos, que atuava no Bope, era responsável pela escalação das equipes que participavam das incursões, função que lhe garantia acesso privilegiado a operações consideradas sensíveis. De acordo com os investigadores, essa posição estratégica permitia que ele avisasse os líderes da facção com antecedência.
As apurações tiveram início após o cruzamento de dados da chamada Operação Buzz Bomb, que investigava um militar da Marinha suspeito de fornecer drones e treinamento para criminosos. A partir desse compartilhamento de informações, a Polícia Federal identificou movimentações suspeitas dentro da estrutura do Estado.
Ainda segundo a PF, um dos alvos da Operação Tredo já havia sido preso anteriormente na Operação Contenção, deflagrada em novembro, que também atingiu o braço logístico da mesma facção criminosa.
Durante as diligências, foram apreendidos três veículos, aparelhos celulares e materiais que podem detalhar como os militares se infiltraram e por quanto tempo atuaram a serviço da organização criminosa. As autoridades agora tentam identificar outros agentes públicos possivelmente cooptados.
Os investigados poderão responder por organização criminosa armada, corrupção ativa e passiva, homicídio, tráfico de drogas, porte ilegal de arma e violação de sigilo funcional.
O nome da operação faz referência à palavra “Tredo”, que significa traidor, simbolizando o papel atribuído aos militares suspeitos de romperem a confiança do Estado ao colaborar com o crime organizado.





