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Secretário de Polícia Civil anuncia investigação por fraude processual em remoção de corpos na Penha

Foto mostra corpos colocados em praça no Complexo da Penha — Foto: Pablo Porciuncula/ AFP e AP Photo/Silvia Izquierdo

Mais de 70 corpos foram retirados por moradores de área de mata e levados para uma praça após megaoperação; secretário afirma que polícia não tinha conhecimento das vítimas no local

O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, anunciou nesta quarta-feira (29) que será aberta uma investigação por fraude processual para apurar a remoção de corpos feita por moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. A declaração foi dada durante entrevista coletiva, um dia após a megaoperação que deixou mais de 120 mortos nas comunidades da Penha e do Alemão.

De acordo com Curi, mais de 70 corpos foram retirados por moradores de uma área de mata na manhã desta quarta-feira e levados até a Praça São Lucas, uma das principais da região. Na terça (28), durante a operação contra o Comando Vermelho, a polícia já havia removido outros 58 corpos, segundo o secretário.

Curi afirmou que a ação dos moradores pode dificultar a perícia e a identificação das circunstâncias das mortes, o que configura potencial fraude processual. “Precisamos entender quem coordenou essa retirada e por quê. A movimentação indevida de corpos compromete o trabalho técnico e a transparência da investigação”, disse.

O secretário de Segurança Pública do estado, Victor Santos, também se pronunciou e afirmou que as autoridades não tinham conhecimento da existência dos corpos na mata no momento da operação. “Não houve omissão. As equipes não tinham informações sobre vítimas naquela área específica, por isso não foi possível prestar apoio imediato à remoção”, explicou.

A Polícia Civil informou que equipes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) estão no local para realizar perícias complementares e identificar as vítimas. O episódio intensificou as críticas à condução da operação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, e reacendeu o debate sobre excesso de força e violação de direitos humanos nas ações de segurança pública do estado.