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“Ser bonita e alta é o que todo mundo acredita, mas o que é beleza e que ditadura é essa? Claro que existem regras e padrões e devemos seguir e respeitar porque faz parte…” Entrevista com Renata Maria

Renata Maria é empresária, diretora de produção, mentora e agente de modelos do Brasil, Renata é da empresa Mistic, uma das maiores agencias de modelo do país que tem sedes no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Ela é carioca, mas atualmente está morando em terras capixabas. Renata esteve no Rio de Janeiro, em Setembro, para participar na Câmara dos Vereadores de um Debate Público sobre temas que afligem o mundo da moda.

Jornal DR1: Renata, quais foram os temas nesse debate na Câmara dos Vereadores, e qual a importância na sua visão?

Renata Maria: A profissão de modelo, no dia a dia, não tem esse glamour todo que as pessoas imaginam. Nos bastidores, infelizmente, há um mundo muito ruim, com graves problemas como aliciamento, prostituição, tráfico de pessoas, assédio moral, pressões físicas e psicológicas, além de exploração financeira e trabalho escravo. Eu, quanto orientadora e agente, sempre procuro estar ao lado amparando e protegendo os aspirantes a fama, e acredito que em todo lugar existem desafios, mas as pessoas caem em ciladas porque a mídia vende a facilidade e o glamour dessa profissão sem mostrar a importância da profissionalização, e a população que não tem a informação correta confunde modelos com outras categorias, incentivando todo tempo a prostituição e a exploração profissional. Então esse debate, foi um passo de enorme importância, tendo mediado pela vereadora Thais Ferreira, presidente da Comissão da Criança e Adolescente da Câmara de Vereadores do Rio, e idealizado pela presidente do SINDMODEL-RJ, Rogéria Cardeal. Contou também com a presença de modelos, de representantes de agências de modelos, da Polícia Civil, por meio da delegacia de Proteção a Criança e Adolescente e da Secretaria de Assistência Social, além de diretores do Sated. É importante que o poder público e a sociedade busquem em conjunto soluções para esses problemas e essa é uma pauta que luto há muitos anos, oficialmente desde que fui subdelegada de moda do SATED-RJ.

Jornal DR1: Quais são as características que uma modelo precisa ter para fazer sucesso nas passarelas? Qual dica você dá para que modelos iniciantes não caiam nas armadilhas do mercado da moda?

Renata Maria: Ser bonita e alta é o que todo mundo acredita, mas o que é beleza e que ditadura é essa? Claro que existem regras e padrões e devemos seguir e respeitar porque faz parte, mas desde sempre acreditei e incentivei a moda inclusiva, tanto que apostei na Raynara quando ninguém mais acreditou. Eu e minha equipe demos a ela o que todos precisam ter: AUTOESTIMA. Isso gerou autoconfiança e responsabilidade, sendo essas algumas dicas fundamentais. 

Jornal DR1: Você é a descobridora da Raynara Negrine, que hoje é uma das modelos brasileiras mais promissoras do mundo?

Renata Maria: Sim, eu descobri e preparei a Raynara no interior do Espírito Santo, na cidade de Cachoeiro, quando ela assim como tantas adolescentes, sonhava em ser modelo. Começamos a preparação dela do zero e em três anos, depois de intensivo trabalho, a Raynara explodiu no mundo da Moda internacional, tendo desfilado para grandes marcas mundiais em 2021 e 2022, entrando no ranking da models.com como uma das 8 modelos mundiais, sendo a única brasileira.

Jornal DR1: A Raynara alcançou o sucesso, mesmo ela pode ser vítima desse mercado opressor?

Renata Maria: Sim! Estou tentando descobrir desde o início de 2020, o que aconteceu com ela. Simplesmente ela foi retirada do meu convívio por uma agência de São Paulo, que descobrimos ser reincidente na prática de aliciar menores e de outros crimes. Alguns já noticiados até na mídia. Não sei como estão o bem estar e a integridade física de Raynara, já que, desde o início de 2020, essa empresa me isolou completamente da modelo que todos sabem me considerava uma segunda mãe. Ela era tratada por mim e minhas filhas, como um membro da família, tendo cuidado dela como uma filha e hoje sofro inclusive por sua ausência, além da preocupação que agradeço a oportunidade de expor aqui. Há mais de dois anos e meio que não tenho nenhum contato com a Raynara, que inclusive já morou na minha casa. Quero entender o que e quem está por trás desse afastamento, já que não há nenhum fator aparente que possa justificá-lo. Muito estranho tudo isso, me pergunto “será que ela está bem?” “Será que está passando por algum tipo de assédio, ou outro problema?” Penso isso, porque dias antes de se isolar ela me contou que estava mal emocionalmente e a última mensagem que recebemos dela foi “amo vocês e nunca vou me esquecer do que fizeram por mim”.

Jornal DR1: Você fez essa denúncia no debate público no Rio de Janeiro. Quais são os próximos passos?

Renata Maria: Estou sendo orientada e assessorada por órgãos públicos e privados para descobrir e lutar pelo direito de Raynara, sabendo verdadeiramente como ela está, se ela está bem e o motivo do afastamento e meus advogados moveram uma ação contra a Joy Model, para a prestação de contas, onde já tivemos duas decisões favoráveis para nós, mas ainda não foram apresentados os contratos. Só vou parar quando tudo estiver as claras e que, se depender de mim, nenhuma outra pessoa será enganada e o mundo irá saber que a profissão linda, mas que como todas as outras exige disciplina, estudo e trabalho, não cai do céu, então não posso aceitar tantas pessoas caírem no conto de Princesa porque isso incentiva a exploração, o tráfico e a pedófilia, então lutarei para mostrar ao mundo que Raynara é um exemplo de sucesso, mas que precisou estudar, treinar e abdicar de muita coisa E MERECE SER FELIZ POR COMPLETO.

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