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Serra: A Sabinada – O desejo de um governo republicano

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Durante o período de 1831 a 1840, quando ocorria o governo regencial, muitas revoltas tomaram conta de todo o território brasileiro. O Brasil não possuía nenhum imperador, pois D. Pedro I havia abdicado do trono.

Na Corte, Parlamento e Regência se desentendiam e nos meios intelectuais do Brasil incidiam várias doutrinas mal assimiladas, cujos defensores, teoricamente, se extremavam em defendê-las em colocá-las em prática, das mesmas, em um país gigante que ensaiava seus primeiros passos, independentes.

Uns defendiam as ideias nos moldes da Revolução Francesa e outros do Federalismo Americano. As Lojas Maçônicas eram o fórum de debates destas ideias, inclusive de defesa do modelo de Monarquia Constitucional Inglesa. Na Bahia, apesar de todas essas ideias conflitantes, havia um consenso, a necessidade de uma revolução.

Consenso de conservadores exaltados, de federalistas vencidos, de desiludidos com o Ato Adicional à Constituição e de republicanos desesperançados com a não adoção da República do Brasil e a consagração do Império ou Monarquia em 1822 e a sua preservação em 07 de abril de 1831, com a atuação prudente do exército, sob a liderança do Brigadeiro Francisco Lima e Silva. Isso, por verem que a Monarquia só teria chances de vingar com a abdicação de D Pedro I em favor se seu filho Pedro, menor de idade.

A prisão do líder farrapo General Bento Gonçalves da Silva, no forte do Mar, em Salvador, animou os baianos a tramarem, com êxito e apoio da Maçonaria, a sua fuga.

A Sabinada foi um dos movimentos que abalou o Brasil durante a menor idade de D. Pedro II, mas ao contrário de outras, teve diretrizes ideológicas bem definidas, pois se tratou de uma rebelião cujos objetivos visavam à separação do império e a instalação de um governo republicano. O nome por que ela ficou conhecida derivou de um dos seus chefes, o médico, professor e proprietário do Jornal Novo Diário da Bahia Francisco Sabino Alvares da Rocha Vieira. Ela contou com a participação dos representantes das camadas médias da população, principalmente, oficiais militares, funcionários públicos, profissionais liberais, comerciantes e artesãos que desejavam manter a autonomia provincial conseguida com o Ato Adicional de 1834 e que sob a Regência Una de Araújo Lima, via-se ameaçada pela Lei Interpretativa que retirava as liberdades concedidas, anteriormente, aos governos provinciais. A Revolta foi precedida por uma campanha desencadeada através de artigos publicados na imprensa, de panfletos distribuídos nas ruas e de reuniões em associações secretas como a Maçonaria.

A revolta teve início com a fuga do líder farroupilha Bento Gonçalves, que estava detido no Forte do Mar, em Salvador. Em 07 de novembro de 1837, o líder revolucionário baiano Francisco Sabino e mais quatro companheiros dirigiram-se ao forte e lá chegando, ordenaram ao corneteiro que executasse o toque “Chamada Ligeira”, senha combinada para dar início a revolução. Em seguida tomaram a instalação militar com o apoio de sua guarnição. Uma vez livre Bento Gonçalves incentivou o movimento revolucionário que teve como causa principal a insatisfação da população, em relação ao governo central.

Entre os motivos destacava-se o fato de que os regentes imporem governantes para a Bahia sem considerar os interesses e a vontade do povo local, o que agravou com a circulação de boatos sobre o envio, por determinação das autoridades imperiais, de tropas baianas para o Rio Grande do Sul, onde estava em curso o conflito conhecido como Guerra dos Farrapos.

Deflagrada a rebelião, em Salvador, nesse mesmo dia 07 de novembro de 1837, os militares rebelaram-se, conseguindo a adesão de outros batalhões das tropas do governo. Sob a liderança de Francisco Sabino e de João Carneiro da Silva Rego, os sabinos, como ficaram conhecidos, conseguiram controlar a cidade de Salvador por quatro meses. Populares armados obrigaram o governador da província a se recolher em um navio de guerra. O objetivo era separar-se do Império. Os sabinos proclamaram a República Bahiense, que deveria durar até que D. Pedro de Alcântara, o príncipe herdeiro, assumisse o trono brasileiro.

O Governo Central, sob o comando do Regente Feijó reagiu, organizando uma ofensiva militar com o objetivo de reprimir os revoltosos e reintegrar a província separatista. As tropas militares governamentais receberam o apoio dos grandes proprietários agrários da região. Elas invadiram e incendiaram inúmeras casas obrigando os revoltosos saírem. Um massacre que deu fim a muitas vidas e levou cerca de 3 mil ao cárcere, onde foram punidos, severamente, por um tribunal que , por sua crueldade, ficou conhecido como “Júri de Sangue”.

Seu principal líder, Francisco Sabino Alvares da Rocha Vieira, recebeu a pena de desterro, sendo enviado para a Fazenda Jacobina, enquanto alguns poucos que conseguiram escapar se juntaram à Revolução Farroupilha. A Sabinada foi reprimida com bastante violência.

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