Jornal DR1

JORNAL DR1

Edições impressas

Serra: Mata do Tinguá – Santuário natural, num cenário de riqueza

Fotos: Divulgação

A Reserva Biológica do Tinguá, tem sua história diretamente ligada ao processo de crescimento da Baixada Fluminense e da própria cidade do Rio de Janeiro, incluindo os mananciais denominados Serra Velha, Boa Esperança e Bacurubu, que até hoje contribuem para o abastecimento de água para boa parte da Baixada Fluminense.

As nascentes desses mananciais nas antigas fazendas da Conceição, Tabuleiro e Provedor, bem conservados, motivaram o primeiro ato de proteção do lugar, assinado pelo Imperador D. Pedro II, em 1883.. Ele decretou que todas as áreas ocupadas pelas referidas fazendas seriam consideradas, a partir de então, florestas protetoras. A primeira foi incorporada a União por meio de adoção feita por Francisco Pinto Duarte, o Barão de Tinguá e as outras duas adquiridas por desapropriação.

Encravada na Serra do Mar, no Sudeste Brasileiro, a Reserva Biológica do Tinguá vem cumprindo papel fundamental ao longo de nossa história. Sua área territorial compreende 26 mil hectares de Mata Atlântica, fazendo limites com os municípios de Nova Iguaçu (onde fica a sede administrativa da reserva), Duque de Caxias, Petrópolis , Engenheiro Paulo de Frontin e Miguel Pereira. Considerada como importante bacia produtora de água potável, desde os tempos do Império. Foi em 1880 que o imperador D.Pedro II inaugurou a rede de captação que levou água das nascentes do Rio d’Ouro, Xerén e Tinguá até a capital Rio de Janeiro, que padecia de ima enorme seca. Façanha que teve como responsável e Engenheiro Paulo de Frontin.

Anos após a queda da Monarquia em 1941, criou-se a primeira unidade de proteção ambiental. O Governo Getúlio Vargas decretou a Serra do Tinguá, como Floresta Protetora da União. Por Decreto Federal no 97780 de 1989 foi considerada Reserva Biológica Federal do Tinguá.

Santana das Palmeiras foi uma próspera freguesia que existiu às margens da Estrada do Comércio na Serra do Tinguá e, que foi abandonada no final do século XIX.

Em 1822, terminou a construção da Estrada do Comércio que forneceu um novo caminho do porto do Rio de janeiro ate Minas Gerais e Goiás. O trajeto começava, na então freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu (hoje Município de Nova Iguaçu, cortava a atual Reserva Biológica Federal do Tinguá, subindo a serra passava pelos arraiais da Estiva ( hoje Municipio de Miguel Pereira, Arcadia ), Vera Cruz e chegava no porto de Ubá (atual Andrade Pinto, Distrito de Vassouras, nas margens do rio Paraíba do Sul, de onde se podia continuar para Minas Gerais e Goiás).

A Reserva Biológica Federal do Tinguá foi , graças ao seu potencial hídrico, declarada Patrimônio da Humanidade na categoria de Reserva da Biosfera pelas Nações Unidas, via Unesco.

O Relevo é acidentado e o Maciço do Tinguá chega a 1600 metros de altura. Uma das áreas remanescentes de Mata Atlântica mais representativas do Estado. A Reserva tem rios, cachoeiras, corredeiras e piscinas naturais, além de ruinas dos séculos XVIII e XIX. É um importante laboratório natural para o desenvolvimento de pesquisas sobre a biodiversidade da Serra do Mar que é uma das áreas mais ricas em diversidade biológica. A Reserva e considerada, também, de extrema importância para a conservação de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, além da flora e dos recursos abióticos (água, solo, paisagem, etc).

Entre as espécies ameaçadas e protegidas , estão o Gavião-pomba, Muriqui-do-sul, Gato maracajá, morcego-vermelho, onça-parda, águia cinzenta, etc.

Há, ainda, a presença de carnívoros tais como cachorro-do-mato, guaxinim, aracambé, Irara, jaguatirica gato-do-mato e jagurundi; e de primatas como os saguis, bugio e macacos-prego.

A madeira tapinhoã, a bromélia e o mineral tinguaito, endêmicos na região, também comprovam a exuberância e a riqueza da biodiversidade do lugar.

Na Reserva foi descoberto o menor anfíbio do mundo, o sapo-pulga, pelo pesquisado da Universidade Federal do Rio de Janeiro Eugênio Izecksohn.

Como toda Reserva Biológica não tem visitação pública. Ela é aberta apenas para pesquisadores e projetos de formação e educação ambiental. Infelizmente, parte das ameaças à Reserva Biológica Federal do Tinguá são ações ilegais de caçadores que matam animais silvestres para vender suas carnes. Além deles, existem palmiteiros, ladrões de areia, passarinheiros e carvoeiros que contribuem para a destruição da flora e fauna locais.

Confira também

Nosso canal

Podcast casa do Garai Episódio #20