Desde os tempos remotos que o homem, atraído pela plasticidade do barro começou moldando objetos utilitários, como vasos, panelas, cachimbos e itens decorativos, na tentativa de traduzir, em linguagem visual, a sua própria essência. Devido a esta plasticidade do barro que o imaginário de diferentes povos foi modelado. O barro se tornou alicerce da expressão e do trabalho artesanal, em civilizações dos mais diversos lugares do mundo.
DR 1, de passagem por Vassouras, teve a grata satisfação de ter sido recebido pela Senhora Beatriz Zidal (Tiza), ceramista, pedagoga, aderecista de teatro, bonequeira e mobilizadora cultural de Vassouras ; para conhecer um pouco de sua história, desde a saída de São Paulo e seu retorno a suas origens, de seu trabalho e dos projetos que desenvolve para a divulgação do Vale do Café.
DR 1 – Como foi a trajetória de volta às origens?
Eu nasci em uma casa de artistas de onde vinha minhas referências de arte. A minha trajetória teve início no teatro, em São Paulo, onde comecei como atriz até me tornar aderecistas. Após ter passado por um momento de crise, Vassouras se tornou, de novo, um lugar de acolhimento. Voltei para o lugar da minha infância, para um reencontro com o universo da minha avó, que eu havia salve-guardado na minha adolescência. Evitando, também, que a família pudesse se desfazer do imóvel, fato que nem poderia passar pela minha imaginação.
DR 1 – Como a artista ceramista trabalha o barro até o seu resultado final?
Aceitar, verdadeiramente, a história que nós vivemos, olhá-la, entendê-la e a partir dela construir a nossa verdade. É o que faço, por exemplo, com as minhas peças. Eu trato a terra, eu a limpo, cuido e faço ela chegar ao ponto que preciso para ela produzir a beleza que eu desejo. Eu utilizo da minha ancestralidade e imprimo, nelas, a beleza que quero e faço das minhas peças o reflexo daquilo que eu acredito.
DR 1 – O que você considera artesanato com identidade local?
O artesanato de raiz, o artesanato tradicional reflete a história do território e é essa riqueza que seu visitante vai valorizar ao levar uma peça que tenha a história local e que tenha uma identidade local. Ele a todo momento que olhar a peça, dirá: esta peça é de um artesão/ã do Vale do Café.
DR 1 – O projeto rodas do saber?
Nós nos dedicamos à pesquisas das técnicas tradicionais que representam a expressão da cultura do Vale que, através do projeto, buscamos revitalizar esses fazeres inserindo-os no cenário contemporâneo.
DR 1 – O que seria o vale do café ideal?
O que é mais importante para o Vale, hoje, pela história que ele trás consegue, seria se ele conseguisse ser um regenerador ambiental, um promotor de uma justiça social e que fosse economicamente viável. O mundo precisa aprender a ser ambientalmente, economicamente viável e socialmente justo. Se soubermos observar quanto isto se dá no sentido de que a natureza nos fornece, em abundância, milhares de sementes, para garantir sua descendência e não economizando na proliferação. Então, não podemos concentrar nas mãos de alguns a verdade que irá fazer a potência do Vale. A minha fala do Vale é: vamos ser múltiplos, vamos ser milhares, vamos dar espaço a todos, observado esses sentidos. Vamos regenerar o Vale ambientalmente, socialmente, mostrar e provar que o ser humano é capaz de regenerar seus estragos sociais.
DR 1 – Tiza o que é arte?
Arte é fazer coisas bonitas, é expressão, não é produto é um processo individual para que a beleza de cada um possa ser vista por todos.
Para conhecer o trabalho desta agradável senhora, brilhante artista e profissional @ barroearte.vassouras