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Serra: O Ronco  da  Abelha  ou Guerra do Marimbondo

Durante o período imperial várias revoltas populares foram registradas contra as políticas adotadas pelo governo, sendo que as rebeliões provinciais foram as mais conhecidas na sociedade brasileira, as quais, vitimaram um grande número de pessoas. Os homens livres e pobres foram protagonistas de inúmeras revoltas em todo o período imperial.

A Revolta do Ronco da Abelha (nome dado devido ao som que os revoltosos faziam em meio a um grande burburinho feito em dias de feira e que se assemelhava a zoada de uma abelha) foi um movimento popular que lutou contra o governo imperial por causa de medidas políticas que não agradavam a população. Esse foi um movimento  que teve início em dezembro de 1851  e foi até,  aproximadamente,  fevereiro de 1852 onde  o povo lutava contra o  governo  e suas medidas que os desagradavam. Envolveu cidades e vilas nordestinas, tais como:  Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. Sendo que o rebuliço causado na Paraíba e em Pernambuco foram os mais expressivos.

O principal motivo dessa revolta foi a resistência popular na aceitação de idéias modernas elaboradas por D. Pedro II . Dentre as quais estava a realização de um controle demográfico no país, onde um cadastramento em relação ao número de nascimento e de mortes dos cidadãos seria realizado. Medida que era vista pelo imaginário popular como uma alternativa do império para escravizar as pessoas pobres da região.

Vale ressaltar que um ano antes fora aprovada a Lei Eusébio de Queirós, proibindo o tráfico de escravos, fazendo com que  a economia do nordeste, em especial,  sofresse  mudanças drásticas com a escassez de mão de obra escrava, que era negociada com os barões do café.

A fim de atingir seus objetivos, o governo criou o decreto 797- Censo Geral do Império para a  contagem da população e o decreto 798 para o registro dos nascimentos e dos óbitos. O decreto imperial obrigava todo e qualquer brasileiro a se apresentar nas paróquias e à frente de  juízes de paz  para fornecer dados pessoais, data e local de nascimento, filiação, estado civil e cor da pele para a realização de um censo demográfico, criando, assim, o Registro Civil de Nascimento. Um dos motivos que gerou incidentes, pois, o real intuito do império era sistematizar o recrutamento de homens para o serviço militar. A implementação do decreto gerou boatos de que o governo pretendia submeter os cidadãos mais pobres à condição de escravos.

Os incidentes foram provocados por causa desses decretos. Os revoltosos começaram a se articular contra esses é um exemplo dessa resistência aconteceu na Província de Pernambuco, quando  em primeiro de janeiro de 1852, homens mulheres e meninos, liderados por João dos Remédios (benzedor e homem das ervas) armados com foices, enxadas e espingardas invadiram a igreja matriz de Pau d’Alho, arrancaram todos os avisos sobre o decreto. Fato que ocasionou e influenciou outros acontecimentos em diferentes províncias, onde, também, se contestavam as medidas decretadas pelo Imperador. Foram feitos ataques armados,  geralmente, em prédios  públicos com gritos de “abaixo a lei, morra o governo”.

O governo reagiu, movendo mais de mil soldados integrantes da polícia, convocando a guarda nacional e também se utilizando da ordem dos Padres  Capuchinhos. Essa última conclamou aos fieis  a ordem pública, caso contrário estariam se submetendo ao fogo do inferno. Em  fevereiro de 1852 a paz se restabeleceu e os decretos foram suspensos, o primeiro censo brasileiro só foi, enfim, realizado 20 anos depois, mas ainda sem registro civil, que foi, somente, adotado no período da República.

A Revolta do Ronco da Abelha ou Guerra dos Marimbondos (os marimbondos da nossa história foram os homens e mulheres pobres e livres de diversas províncias do Nordeste) foi um levante de camponeses de diversas províncias do Nordeste brasileiro, contrários à promulgação, em 1851, do Regulamento do Registro Civil dos Nascimentos e dos Óbitos no Império e da Lei do Censo.

Essa revolta mostrou a instabilidade e a  desconfiança da população de baixa renda em relação ao Regime Imperial  do Brasil. Esse receio esteve relacionado, principalmente, às poucas mudanças sociais, após a independência, como a continuidade do trabalho escravo e a mudança das estruturas tradicionais de poder que promoviam a continuidade da desigualdade social e da miséria do povo brasileiro.

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