Medida inédita deve aumentar número de inscritos no processo seletivo. O programa disponibiliza vagas em universidades públicas. 

Pela primeira vez, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) permitirá o uso das notas das três edições mais recentes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — 2023, 2024 e 2025 — para a seleção de candidatos a universidades públicas em todo o país.

A medida, oficializada pelo Edital nº 22/2025, publicado no Diário Oficial da União, representa uma das maiores mudanças no sistema desde sua criação. Até agora, apenas a nota da edição mais recente do exame era aceita.

 Mais chances de ingresso
Na prática, isso significa que estudantes que realizaram o Enem em 2023 e 2024, mesmo sem terem feito a prova de 2025, poderão concorrer a vagas pelo Sisu 2026. A novidade amplia as oportunidades de ingresso no ensino superior, permitindo que o candidato escolha seu melhor desempenho entre as últimas três edições.

Como será feita a escolha da nota
Segundo o Ministério da Educação (MEC), o sistema considerará automaticamente a pontuação que gerar a melhor média ponderada de acordo com o curso escolhido. Isso ocorre porque cada universidade define pesos diferentes para as áreas avaliadas no Enem — Linguagens, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Redação.

Por exemplo, uma graduação em Engenharia tende a dar maior peso à nota de Matemática, enquanto Jornalismo valoriza mais as notas de Linguagens e Ciências Humanas.

Critério de comparação entre provas
Mas e se as provas de anos diferentes tiverem níveis de dificuldade distintos? O Enem utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI), sistema de correção que permite comparar notas de diferentes edições. A metodologia avalia a coerência das respostas: um candidato que acerta questões difíceis, mas erra as fáceis, tem a pontuação ajustada para refletir a probabilidade de acertos ao acaso.

Assim, mesmo com mudanças no grau de dificuldade, as notas continuam comparáveis, garantindo justiça na seleção.

Quem pode participar
A regra vale apenas para quem concluiu o ensino médio ou o conclui até o ano de uso da nota. Participantes “treineiros”, que fizeram o exame apenas para fins de experiência, não poderão utilizar seus resultados.

Dúvida ainda sem resposta
Até o momento, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não confirmou se o candidato poderá usar notas de edições diferentes nas duas opções de curso. O esclarecimento deve vir em comunicado futuro do MEC.

Adesão das universidades
A mudança já aparece no edital de adesão das instituições ao Sisu 2026, cujo prazo vai de 27 de outubro a 28 de novembro. As universidades e institutos federais devem formalizar a participação por meio da plataforma Sisu Gestão, podendo revisar o termo de adesão antes da assinatura final.

O que é o Sisu
O Sisu é o sistema informatizado do governo federal que permite aos estudantes concorrer gratuitamente a vagas em instituições públicas de ensino superior, com base nas notas do Enem.

Desde 2024, o programa passou a ter edição única anual, com vagas para cursos que iniciam no primeiro ou no segundo semestre. Na edição de 2025, foram oferecidas 261,7 mil vagas em 6.851 cursos de 124 instituições públicas. Ao todo, 254,8 mil candidatos foram aprovados — 128 mil pela ampla concorrência, 111 mil por cotas e 14 mil por políticas afirmativas próprias das universidades.

Com a nova regra, o MEC espera tornar o processo mais inclusivo e flexível, reconhecendo o esforço de quem buscou melhorar o desempenho em diferentes anos do Enem.