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Sururu nas ribaltas cinematográficas

A mini série britânica Anne Boleyn, da HBO portuguesa, com estreia programada para 1º de junho próximo, vem suscitando acalorados questionamentos, ante a escolha da atriz inglesa, Jodie Turner Smith,
ativista negra, como protagonista, no papel de Ana Bolena, a segunda das 6 esposas de Henrique VIII, rei da Inglaterra nos idos de 1509.

Bolena, foi rainha consorte, de 1533 até 2 dias antes da anulação de seu
casamento, e sua execução, acusada de alta traição, e prática de incesto, supostamente cometido, com o próprio irmão.

Ana era considerada, contrária a sociedade patriarcal vigente. Desta feita, buscava diferentes e melhores condições de vida para sua filha Elizabeth, lidando com as traições do marido e, as pressões sofridas, para conceber um herdeiro do sexo masculino, razão pela qual, Henrique havia se divorciado de Catarina de Aragão, que também não lhe dera um filho varão.

Sua atuação polêmica, ainda teria dado ensejo, a renúncia da autoridade Papal na Igreja Anglicana, que se tornara independente de Roma.

Em decorrência de toda polêmica, acabou sendo decapitada, por ordem do Rei, seu esposo, em 1536.

O que se estranha, nas controvérsias levantadas, à indicação da protagonista, selecionada para assumir sua representação nesta história, é que seus críticos esquecem, que na arte, existe a liberdade de criação, a “licença poética”, devaneios etéreos, mesmo na dramaturgia.

Essa tal liberdade, que dá ao artista, independente de etnia e raça, a condição de criar ou desempenhar qualquer papel que esteja a seu alcance, como sempre ocorreu em situações, de artistas não negros,
por exemplo, incorporarem Otelo, ideado por Shakespeare, como um
personagem negro Isto, nunca causou estranheza ou suscitou reações relacionadas à questão racial, como neste caso, fato contraditório em nossa era pós moderna, sujeita a tolerância às transmutações de todos os gêneros, mormente quando constatamos fugir das telas para a vida real, histórias de príncipes encantados e princesas encarceradas nos borralhos, como o suntuoso casamento de Harry neto de Elizabeth II, com a atriz negra Meghan Markle.

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