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“Temos que perder o hábito de guardar restinho de comida na geladeira, somente para que ele estrague mais devagar”

É o que alerta gastrólogo no Dia Mundial da Gastronomia Sustentável

Você sabe o que é Gastronomia Sustentável e como esta expressão pode lhe trazer economia, bons hábitos alimentares e ainda fazer um grande bem ao planeta?
 

Gastronomia sustentável, resume a literatura gastronômica, é cozinhar tendo consciência das propriedades físicas e nutricionais da matéria-prima utilizada. Nela, é possível enfatizar o uso de todos os estímulos sensoriais durante a alimentação, para que sejam proporcionadas as maiores experiências ao ser humano. E, como se ainda não bastasse tantos benefícios, nela, ainda é possível preservar a saúde e o ecossistema.
 

Mas, é fácil encarar os produtos com os quais nos alimentamos de forma tão ampla? O gastrólogo e professor do curso de Gastronomia do Centro Universitário IBMR, Gio Gropello, diz que é simples e, principalmente, urgente, pensar o alimento desta maneira. “E em qualquer cenário familiar – em países desenvolvidos ou em desenvolvimento – essa prática deve ser aplicada. É uma questão de conscientização”, defende. O IBMR integra o Ecossistema Ânima de ensino.
 

Conscientização rima com educação

E é por este caminho que as famílias podem viver, ensinar e aplicar alguns toques de sustentabilidade no cardápio do lar – seja na hora de fazer as compras no mercado ou em casa, na hora de colocar a mão na massa. “São diversas as maneiras de aplicar a gastronomia sustentável, sendo a mais importante o aproveitamento íntegro dos alimentos, tratando sempre de evitar ao máximo o seu desperdício”, diz o professor do IBMR.
 

O professor ensina que é importante buscarmos dicas – em livros e pela internet – de como utilizar cascas dos alimentos em preparações primárias ou secundárias; como fazer um bom armazenamento dos alimentos, evitando o descarte desnecessário; e como fazer uma programação alimentar, com a ideia de minimizar descartes e excesso de alimentos estocados.
 

“Temos que perder aquele velho hábito de guardar o restinho de comida em um pote na geladeira, somente para que ele estrague mais devagar”, alerta Gropello. E, com esses conhecimentos simples em mãos, acrescenta, é importante passar estes novos hábitos para as futuras gerações.
 

Desde cedo

O professor salienta que é possível, inclusive, passar o ensino dos costumes gastronômicos e alimentares sustentáveis para as crianças. “Ensinar a sustentabilidade para uma criança parece mais complicado do que realmente é. Neste processo lembre-se de ensinar a não descartar alimentos em excesso. Para isso, estimule o planejamento alimentar e o contato direto da criança com o alimento in natura”, defende. Ou seja, com organização e compreendendo o valor das matérias-primas, também aprendemos que desperdiçá-las significa um prejuízo para nós mesmos.
 

Ensinando desde cedo estes costumes, talvez, no futuro, seja possível mudar as estimativas que, infelizmente, já evidenciam a necessidade de mais cuidados com os alimentos entre os empreendedores da área de alimentação, desde agricultores, restaurantes, hotéis, bares, entre outros.

“Segundo dados estimativos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 2017 (FAO), 30% dos alimentos no mundo são desperdiçados ou nem mesmo chegam à mesa do consumidor final. É muito importante termos esses números expostos, para gerarmos questionamentos sobre nossas atitudes na cozinha”, justifica.
 

Para o professor é preciso pensar sobre as compras, sobre a origem e o rastreamento dos alimentos comprados e seus produtores, além de optar pelo consumo de orgânicos e de alimentos vindos de lavouras de pequenos agricultores e da agricultura familiar ou de hortas urbanas conscientes. Essas são algumas das saídas possíveis para a concretização da sustentabilidade nas cozinhas do planeta desde já.